O presente trabalho se dedica ao escrutínio do comércio de tecidos asiáticos, europeus e africanos empregados como objeto moeda para a compra dos africanos centro ocidentais que eram traficados para a Bahia, durante a primeira metade do século XVIII. A análise acurada da documentação demonstrou que esse comércio se desenvolveu a partir da formação de redes transnacionais, cujos os seus principais interlocutores obedeciam a regras próprias de mercado. A sobrevivência do comércio de tecidos operado pelos súditos da coroa portuguesa se mostrou inconciliável com as regras alfandegárias impostas pela metrópole em razão da elevada tributação, que tornavam os tecidos legalmente traficados pouco competitivos no mercado africano de comprar escravizados. Em razão disso, o contrabando se tornou ferramenta usual no negócio dos tecidos tanto na Bahia quanto em Angola. O comercio ilegal, longe de solapar o sistema colonial, foi, ao reverso, a chave para a sua sobrevivência. Dito de outra forma, as fraudes no sistema de tributação portuguesa permitiram aos traficantes de escravizados adquirir manufaturas a preços competitivos e, assim sendo, puderam concorrer com as nações do Norte (Inglaterra, França e Holanda) que traficavam pessoas na África Centro Ocidental; porquanto muitos desses negociantes utilizavam fabricações nacionais em associação com os tecidos da Índia, fato que tornava suas mercadorias mais baratas do que aquelas legalmente disponíveis aos comerciantes portugueses.
Tecidos europeus, asiáticos e africanos nas rotas portuguesas do tráfico de escravos centro ocidentais para a Bahia entre os anos de 1695-1750
Data da defesa:
terça-feira, 8 Dezembro, 2020 - 12:00
Membros da Banca:
Lucilene Reginaldo - Presidente (UNICAMP)
Roquinaldo Ferreira (University of Pennsylvania)
Crislayne Gloss Marão Alfagali (PUCRIO)
Aldair Carlos Rodrigues (UNICAMP)
Daniele Santos de Souza (Instituto Federal da Bahia)
Programa:
Nome do Aluno:
Telma Gonçalves Santos
Sala da defesa:
Integralmente a Distância