TECENDO LAÇOS E LIGANDO PONTOS: HOMENS DE COR, CULTURAS POLÍTICAS, RACIALIZAÇÃO E A ARMADURA (IN)VULNERÁVEL DE CIDADÃO, SANTOS (1870-1898)

O projeto tem o objetivo de investigar as práticas políticas de negros e pardos livres e libertos em Santos e sua relação com os movimentos sociais do período de 1870 a 1898. Procura-se compreender dentro desse recorte variáveis como: a questão dos direitos de cidadania dos libertos, o pensamento racial emergente na formação dos Estado-nação, sua relação com os cânones do ideário liberal e com a conjuntura contemporânea da sociedade escravista santista que viveu o processo de emancipação. Assim, queremos responder quem são os negros e pardos em Santos; quantos são; de onde vieram; como são suas relações sociais e políticas? Uma confraria de "pobres pretos", a Irmandade de São Benedito de Santos, e seus documentos são o ponto de partida, por esse gênero de associação estar na gênese da sociedade brasileira e pela presença de abolicionistas em seus quadros. Propõe-se um estudo de suas formas de articulação politico-social e manifestação cultural e uma prosopografia dos irmãos de São Benedito para traçar seu perfil social, racial e étnico. Neste momento, cruza-se informações dos livros da irmandade com outras fontes, como jornais, almanaques, batismos, óbitos, registros de casamento, listas de eleitores, censos, correspondências, um processo-crime e a bibliografia arrolada. Além disso, ao reconstituir a trajetória de alguns irmãos, pretende-se realizar uma comparação entre dois indivíduos confrades de São Benedito, um pardo e um negro, para capturar as nuances do processo de racialização em curso na sociedade santista de fins do século XIX.