O presente estudo, desenvolvido na linha de pesquisa de História da Arte e Estudos Visuais, tem como proposta central a análise das doze edições da revista Les Lèvres Nues, fundada pelo poeta e artista Marcel Mariën e publicadas em conjunto com membros do grupo surrealista situado na Bélgica entre os anos de 1954 e 1958. A pesquisa busca explorar, para além dos aspectos artísticos desenvolvidos pelo grupo, o diálogo estabelecido entre esse campo e a atuação política do movimento belga na década de 50, e como tal diálogo aparece reproduzido nas páginas da revista.
A pesquisa também deverá abordar a relação estabelecida entre os surrealistas de Bruxelas e o grupo conhecido como Internacional Letrista, liderado pelo teórico francês Guy Debord, a partir do ano de 1955. Esse diálogo, particularmente no que diz respeito às práticas e teorias artísticas, será analisado com ênfase nas trocas de ideias entre os dois grupos, destacando técnicas como o détournement e a psicogeografia, introduzidas pelos internacionais letristas e incorporadas pelos surrealistas belgas. A investigação buscará compreender como essas influências mútuas impactaram a produção dos dois movimentos, bem como a forma como tais interações se manifestaram ao longo da publicação da Les Lèvres Nues.