Num momento em que a China surpreende o mundo em virtude de seus índices econômicos, é fácil identificar as consequências ambientais das escolhas políticas e econômicas adotadas nesse país. Compreender como as ONGs ambientais se constituíram historicamente na China, sua atuação, limites e o papel fundamental desempenhado na sociedade global em que estamos inseridos são os objetivos principais dessa tese, que busca identificar como as organizações não governamentais ambientalistas estão agindo no interior da China e como elas se posicionam entre o Estado e a sociedade civil. Recuperando a noção de ambientalismo autoritário (centralizado) podemos propor a ideia de que na ausência de espaço para uma atuação política das ONGs ambientais chinesas, elas se moldam ao ambientalismo autoritário do Estado e se distanciam da atuação política direta. O que as ONGs propõem não são questionamentos das políticas adotadas pelo Estado chinês ou confronto político direto, o que temos na China é um ambientalismo dotado de delicadeza e suavidade, que foge dos conflitos políticos e é praticado à distância das direções políticas. Identificamos a existência de três fases no desenvolvimento do ambientalismo chinês e apresentamos na tese a primeira e segunda fase. Na primeira fase, diretamente relacionada com a estruturação do Estado e a constituição da sociedade civil, identifica-se que as ONGs ambientais, durante toda a década de 1990 e início da década de 2000, são caracterizadas por uma grande concentração em Beijing e Shanghai, mas com difusão restrita no restante do país. Ademais, há uma fragmentação no movimento e a ausência de constituição de um movimento capaz de agir nacionalmente e representar interesses da sociedade chinesa como um todo. Na segunda fase há um maior reconhecimento dos novos atores sociais por parte do Estado, que promulga novas leis que incentivam a expansão e ação das ONGs ambientais, que se multiplicam em todo país, diversificando suas áreas e temáticas de atuação e expandindo sua influência. Naquele momento, década de 2000, temos um aumento no número de protestos e maior mobilização da sociedade civil, mostrando que a população passa a se preocupar com as condições ambientais do país, estando disposta a reivindicar melhorias, alterar hábitos de consumo, dando início a uma transição rumo a um ambientalismo democrático (participativo).
Sociedade civil, Estado e questão ambiental na China
Data da defesa:
terça-feira, 17 Março, 2020 - 17:00
Membros da Banca:
Profa. Dra. Leila da Costa Ferreira (Presidente) - UNICAMP
Prof. Dr. Valeriano Mendes Ferreira Costa - UNICAMP
Dr. Mateus Batistella - UNICAMP
Dr. José Augusto Valladares Pádua - UFRJ
Dr. Thales Haddad Novaes de Andrade - UFSCar
Programa:
Nome do Aluno:
Mariana Delgado Barbieri
Sala da defesa:
Auditório Daniel Hogan