Este trabalho propõe investigar os significados sociais e políticos atribuídos aos termo mulato e pardo, durante o século XVIII, em Angola. Examina-se se ambos os qualificativos de cor eram reivindicados como identidades políticas, fenômeno observado no sudeste do Brasil colonial durante o mesmo período. A análise das construções sociais em torno de mulato e pardo será feita no contexto de interações entre costa (Luanda) e os sertões, ponto de origem de muitas vítimas do tráfico e onde encontravam-se unidades políticas independentes ou alinhadas à administração colonial através de pactos de vassalagem. A pesquisa considera a tensão entre reivindicar identidades e ter classificações atribuídas por autoridades coloniais. Argumenta-se que a elaboração de sentido dos qualificativos pardo e mulato ocorreu ao longo do século, como parte da definição de fronteiras político-culturais entre o governo português em Angola e as chefaturas interioranas. Identidades e formas de identificação distinguiam agentes do tráfico de potenciais alvos de escravização. Simultaneamente, as definições de ambos os termos variava conforme as necessidades eminentes de diferenciar quem pertencia ao sertão gentílico e "bravo" ou aos domínios coloniais. Consultou-se as seguintes tipologias documentais: correspondência oficial, legislação aplicada a Angola, relatos sobre Luanda e os sertões, narrativas de viagem, contagens e mapas populacionais. A investigação recuperou os usos das palavras mulato e pardo, e as variantes de ambas, nos contextos socioculturais em que foram empregados.
Significados Ambivalentes: Identidades luso-africanas e qualificativos de cor em Angola do século XVIII
Data da defesa:
quinta-feira, 20 Junho, 2024 - 14:00
Membros da Banca:
Aldair Carlos Rodrigues - Orientador (UNICAMP)
Crislayne Gloss Marão Alfagali (PUC-RIO)
Lucilene Reginaldo (UNICAMP)
Programa:
Nome do Aluno:
Gabriel Antonio Bomfim Seghetto
Sala da defesa:
Sala de Defesa de Teses - IFCH/UNICAMP