As crescentes emissões de CO2 e as rápidas mudanças climáticas ameaçam as florestas tropicais. A hipótese do “forest dieback” da Amazônia prevê que, temperaturas maiores e as secas convertam as atuais florestas da bacia em paisagens similares a de savana, o que traria novas configurações da funcionalidade ecossistêmica das espécies vegetais. Estas fornecem serviços de satisfação das necessidades de bem-estar social da região, ou seja, Serviços Ecossistêmicos (SE). O objetivo desta pesquisa foi, através da Diversidade Funcional (DF) vegetal, avaliar como os SE relacionados ao estoque/sequestro de CO2 são afetados pelas mudanças climáticas e, quais são seus impactos na capacidade adaptativa de populações urbanas e rurais da Amazônia brasileira. A primeira análise parte de uma avaliação ecológica, aplicando o modelo Carbon and Ecosystem Functional-Trait Evaluation (CAETÊ) para modelar a resposta da DF da vegetação em um cenário de redução de 50% da precipitação. Neste cenário, observou-se uma mudança da composição vegetal não-redundante às características florestais, com dominância de estratégias de plantas associadas à seca, o que implica uma redução de 37%-49% do carbono total estocado na bacia e, por sua vez, mais carbono convertido para atmosfera. O que se traduz diretamente em impacto na regulação do clima global e local e, indiretamente, alteração do fluxo de água e de serviços de provisão nativos. A segunda avaliação foi em escala local, através de dados secundários – formulação de um Índice de Vulnerabilidade Sócio-Ecológica (IVSE) e por meio de dados primários - entrevistas semiestruturadas- nos municípios de Manaus, Itacoatiara e Silves no Amazonas e Ilha de Cotijuba na cidade de Belém no Pará. O IVSE apresenta que, o fator em comum de vulnerabilidade nos municípios foram os indicadores de exposição sócio–climática por susceptibilidade à desastres, previsão de aumento de temperatura e mudança na DF. Este resultado junto a modelagem de DF demonstram que, mesmo estas comunidades em uma das florestas mais biodiversas do globo, estão com bem-estar ameaçado devido aos impactos nos SE nativos. Além disso, a susceptibilidade a doenças associadas ao clima foi elevado em locais bem urbanizados (2.5 - 2.3, no intervalo de 0 menor a 4 maior vulnerabilidade), fragilizando a saúde pública em centros urbanos em expansão na Amazônia. Assim, a avaliação baseada em percepção e o índice demonstram que os impactos da alteração da DF da comunidade vegetal projetada não representa mais uma ameaça distante ao bem-estar, saúde e geração de renda e, sim, se torna um agravante da vulnerabilidade sócio-ecológica. Isto porque a população reconhece e associa danos na infraestrutura (serviços de controle de erosão), na mobilidade e no abastecimento de alimentos (serviços de manutenção do fluxo de água, alimento silvestre e pesca), ao aumento da seca, à eventos extremos e ao desmatamento. Posto estes impactos, as comunidades incorporam estratégias de adaptação autônomas para subsistência, voltadas para setor agropecuário, embora tenha maior retorno econômico, não se baseiam no ecossistema. Esses resultados fundamentam o desafio do desenvolvimento de políticas públicas de adaptação entorno da saúde pública, manutenção futura de serviços de provisão nativos, sobretudo nos municípios com indicadores socioeconômicos deficiente