Este estudo busca compreender como se configura a mobilidade populacional em busca do atendimento aos serviços de saúde, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Considerando a importância da mobilidade espacial da população nas significativas transformações da dinâmica demográfica, procurou-se compreender as consequências deste tipo de mobilidade tanto para os serviços e seus prestadores, como para a própria saúde dos usuários dos serviços. Desta forma, foi realizado um estudo de caso no município de Campinas (SP), contando com entrevistas semiestruturadas, a fim de verificar a percepção dos usuários que não residem no município e utilizam os serviços do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, assim como dos profissionais de saúde que trabalham na unidade. Além disso, foram mapeados os deslocamentos populacionais para utilização dos serviços de saúde de média e alta complexidade no Brasil, nos anos de 1998, 2008 e 2018, tendo como fonte de dados as Autorizações de Internação Hospitalares do SUS. Como resultado da análise dos mapas, foi possível encontrar um padrão espacial destes deslocamentos nos diferentes anos estudados. Identificou-se também uma intensificação dos fluxos e uma melhor definição da rede de deslocamentos com a consolidação de novos centros de rede ao longo dos anos. A partir da análise das entrevistas realizadas, pode-se verificar a criação de estratégias de entrada e permanência nos serviços, por parte da população, que vão além do previsto no processo de regionalização dos serviços do SUS. Desta forma, é possível inferir que os deslocamentos para saúde se configuram como movimentos espaciais da população de grande relevância, que devem ser levados em consideração nos estudos de mobilidade da população e na formulação de políticas públicas.
Link para transmissão ao vivo: https://youtu.be/x3gEIFlDE44