São Bernardo 1978-1980: Sobre a imagética fotográfica do “novo” sindicalismo

A tese apresenta um exercício de reconstituição analítica e interpretativa de um conjunto de greves ocorridas entre 1978 e 1981 com epicentro em São Bernardo do Campo-SP. A metodologia usa imagens fotográficas desse período como fonte de pesquisa
mais importante, sem exclusão de consulta a outros tipos de fonte. São abordados os seguintes eventos: “onda grevista”, de 1978; “greve geral de 15 dias”, de 1979 e “greve geral de 41 dias”,
de 1980. A imagem fotográfica é aqui explorada em seu duplo aspecto de construção discursiva e registro da “realidade visível”. A hipótese central da pesquisa – sobre a qual se baseia a viabilidade e pertinência da proposta metodológica apresentada – é a de que as lutas operárias do período de redemocratização têm como característica essencial (i.e, não contingente) a reivindicação por reconhecimento moral no campo de disputa sobre a definição dos limites da visibilidade social. Essa hipótese é construída tendo como referência de teoria do conflito social o esquema proposto por Axel Honneth sobre reconhecimento moral. Considera-se esse conjunto de greves como particularmente relevante para a compreensão do “novo” sindicalismo e seu significado na história brasileira recente. A proposta de reconstituição analítica-interpretativa dos episódios de greve se estrutura em três níveis de leitura da imagem fotográfica, quais sejam: a) a fotografia como indício do conflito moral sobre a definição dos limites da visibilidade social; b) a fotografia como veículo de pensamentos e emoções e c) a fotografia como “microcenário” do passado.