Revolução, Ordem e Progresso: ruptura e permanência na cultura política do México revolucionário (1867 – 1940)

A presente tese se debruça sobre três momentos de um período de mudanças sociais substanciais – o México da virada do século XX, da Revolução de 1910 e da presidência do general Lázaro Cárdenas (1934-1940) – para refletir a respeito das permanências da cultura política entre o Porfiriato (1876 – 1911) e o novo país que nascia do processo revolucionário. Seu argumento central afirma que, ao contrário da ideia consolidada pela retórica revolucionária, a ruptura com o passado foi mais dependente da reorganização dos símbolos de legitimidade do regime anterior do que de sua destruição. É este rearranjo ou, antes, os limites dessa ruptura na linguagem e na cultura política a partir da configuração de um novo poder que compõem o escopo central deste trabalho. Em sua negociação com os símbolos do passado – a autoridade dos científicos, o discurso do progresso positivista, o anticlericalismo vindouro da Reforma – e os dilemas do presente – as disputas internas da “família revolucionária”, a crise econômica, o movimento operário e os aliados à esquerda e à direita – os governos da revolução institucionalizada, como o de Cárdenas, negociaram um projeto de nação que se articulou em uma linguagem política baseada nos atributos de legitimidade que construíram o México moderno, mas também no simbolismo revolucionário que se manifestava como o motor da história do país dali em diante. Em linhas gerais, a presente tese afirma que o positivismo mexicano se estabeleceu como uma linguagem política tão elementar que, de arma política no século XIX, tornou-se o próprio campo de batalha dos debates da primeira metade do XX. De uma linguagem, tornou-se uma cultura política. As pautas e bandeiras dos revolucionários foram tecidas e marcadas por esse cenário e as vindas de fora foram prontamente trazidas a ele, adaptadas ao seu relevo e aos seus (flexíveis) limites. Essa passagem, que transformou o positivismo de elemento de destaque em paisagem, de linguagem em cultura, também é responsável pelo seu desaparecimento da perspectiva das lideranças revolucionárias, em um primeiro momento, e da historiografia que reproduziu as armadilhas do discurso revolucionário, em um segundo.

Data da defesa: 
sexta-feira, 28 Fevereiro, 2020 - 17:00
Membros da Banca: 
José Alves de Freitas Neto (Orientador) - UNICAMP
Ivia Minelli - UNICAMP
Regina Aida Crespo - Universidad Nacional Autonoma de Mexico
Gabriela Pellegrino Soares - USP
Luiz Estevam de Oliveira Fernandes - UFOP
Programa: 
Nome do Aluno: 
Rafael Pavani da Silva
Sala da defesa: 
Sala de Projeção do Instituto de Filosofia e Ciências Huma nas - UNICAMP