Responsabilidade e Causação: Da extensionalidade e seleção causal para o Argumento dos Quatro Casos

O Argumento dos Quatro Casos, proposto por Derk Pereboom, é um argumento da manipulação pelo incompatibilismo, a tese de que responsabilidade moral e determinismo são incompatíveis. Neste trabalho, eu argumento contra o Argumento dos Quatro Casos a partir de certas teorias específicas sobre causação. Para tanto, eu discuto os debates sobre causação que motivam essas teorias. Após apresentar o Argumento dos Quatro Casos, a dissertação se divide em duas partes. O ponto de partida da primeira parte é o debate sobre extensionalidade causal. Entre as visões motivadas por essa discussão, encontramos o contrastivismo, segundo o qual relações causais não são binárias. Assumindo o contrastivismo, eu proponho uma definição de Sorte-C, um tipo de sorte moral. Com a noção de Sorte-C em mãos, defendo que o primeiro caso do Argumento dos Quatro Casos não motiva sua conclusão incompatibilista. O agente manipulado do primeiro caso está sujeito a Sorte-C, e isso impede o caso de motivar a conclusão incompatibilista. A segunda parte da dissertação foca na seleção causal. Seleção causal é um fenômeno encontrado em nossas atribuições ordinárias de causação. Quando buscamos pela causa de um evento, não nos limitamos às condições metafísicas que filósofos tradicionalmente associaram à causação, como dependência contrafactual e processos físicos. Normalidade estatística e normas morais também afetam nossos julgamentos sobre causação. Esse fenômeno motiva a tese de que normalidade tem um papel em determinar fatos causais. Assumindo essa idea, eu proponho uma teoria compatibilista que oferece uma resposta ao Argumento dos Quatro Casos.