Ao longo de mais de 30 anos de existência, o Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE) se consolidou como um dos principais atores do campo feminista local e nacional. A partir de 2010, os discursos feministas ganharam grande visibilidade no Brasil, com o surgimento de novas gramáticas, sujeitos políticos e estilos de protesto. A chamada “primavera feminista” estampou capas de jornais e revistas de circulação nacional e inundou a internet com blogues, hashtags e perfis em redes sociais debatendo os mais variados temas. Em 2017, sendo militante do FMPE desde 2005, notava como as recentes transformações do campo feminista e o avanço da extrema direita e dos conservadorismos provocavam mudanças nos sentidos atribuídos à atuação do FMPE e nos enquadramentos e repertórios de ação engendrados nas lutas pelos direitos das mulheres. A pesquisa, realizada entre 2019 e 2021, teve por objetivo contribuir para a compreensão das diversas formas que os ativismos, sobretudo o ativismo político feminista, têm assumido contemporaneamente, dando ênfase a como fronteiras da diferença e coalizões são constituídas, mantidas e dissipadas. Para tanto, tomo como ponto de partida os enquadramentos e repertórios de ação produzidos pelas integrantes do Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE) em sua relação com diferentes atoras políticas do campo feminista de Recife. O trabalho de pesquisa realizado consistiu no acompanhamento das reuniões e demais atividades nas quais as integrantes do FMPE se engajaram no período. Os achados de pesquisa apontam para como, diante de um campo feminista cada vez mais plural e de um contexto político de crise democrática, as militantes do FMPE investem na articulação de alianças e a renovação de enquadramentos para cada vez mais ser movimento.
Palavras-chave: feminismos; coalizões; diferenças; enquadramentos; repertórios de ação; conservadorismos