REGIMES DE INTELIGIBILIDADE SOBRE LINCHAMENTOS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

O objetivo desta tese foi identificar os regimes de inteligibilidade sobre uma forma de violência coletiva específica, denominada linchamento, que figura modos de controle social, da qual se tem conhecimento em vários países do mundo, em diferentes momentos históricos. A literatura especializada acerca deste fenômeno aponta para ocorrência de casos em contextos sociais e históricos específicos marcados por processos de profunda transformação e/ou transição social; pela presença de regimes jurídicos contraditórios; situações nas quais o Estado não dispõe de legitimação para o monopólio da violência; modos de protesto; efeitos de desigualdades ou mesmo como ações não racionalizadas marcadas por medo e/ou ódio. Ainda que homens negros estejam entre a maioria dos vitimados que tiveram sua raça/cor identificada, boa parte dos estudos brasileiros, baseados em notícias de jornal circunscrevem o linchamento como uma estratégia de justiçamento popular, sem necessariamente pensá-lo como um fenômeno racializado. Sustento aqui, que tais formas de violência estão marcadamente implicadas em sistemas de diferenciação, discriminação e desigualdade social tais como de raça/cor, de sexo, de gênero, de religião, e de classe social. Desse modo optei por “inventar” diferentes fontes mobilizando materiais que permitissem expandir o enquadramento analítico sobres este fenômeno. A partir de dois casos exemplares, ocorridos no Guarujá 192014) e em São Luís (2015), foi feita análise dos distintos materiais, em estreito diálogo com a literatura – sendo: os processos jurídicos (capítulo 1), o documentário e a peça de teatro (capítulo 2), e também as imagens e as narrativas no Memorial do Linchamento nos EUA (capítulo 3). Minha aposta é de que do ponto de vista metodológico, mobilização de diferentes tipos de materiais possibilita refletir sobre questões não inscritas nas notícias e do ponto de vista analítico que uma perspectiva interseccional, focada nas dimensões intersubjetivas, permite discutir elementos desconsiderados pela literatura estabelecida até então que são igualmente profícuos para apreender sobre os regimes de inteligibilidade do fenômeno.

Palavras-chave: Violência coletiva, Linchamento, regimes de inteligibilidade

Data da defesa: 
segunda-feira, 20 Janeiro, 2025 - 10:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Maria Filomena Gregori (UNICAMP)
Profa. Dra. Guita Grin Debert (IFCH/UNICAMP)
Profa. Dra. Karla Adriana Martins Bessa (REIT/UNICAMP)
Prof. Dr. Felipe da Silva Freitas (FGV)
Prof. Dr. Fábio Magalhães Candotti (UFAM)
Nome do Aluno: 
Ana Laura Lobato Pinheiro
Sala da defesa: 
Sala de Teses I - IFCH/UNICAMP