As periferias metropolitanas brasileiras têm sido reestruturadas no período mais recente da urbanização do país. Antes, até a década de 1980, estes espaços periféricos eram estigmatizados, conhecidos pela precariedade de suas estruturas e serviços e, consequentemente, eram ocupados pela população de baixa renda. Nas últimas décadas do século XX e início do século XXI, mudanças recorrentes da globalização e da reestruturação produtiva ocasionaram mudanças nas periferias urbanas a partir da realocação das atividades econômicas e, também, das formas de moradia da população de mais alta renda para áreas mais periféricas e distantes. Este recente padrão urbano que se desenvolve nas metrópoles brasileiras, sobretudo em suas periferias, é denominado como “novas periferias metropolitanas” e são caracterizados pela sobreposição de antigos e novos usos, pela coabitação de diferentes grupos sociais, por sua crescente complexidade e, principalmente, pela acentuação da segregação socioespacial. O presente trabalho disserta no sentido de corroborar o entendimento do desenrolar do processo de reestruturação da periferia na Região Metropolitana de Campinas (RMC), sobretudo da formação de “novas periferias” nessa região, a partir do estudo dos casos dos municípios de Indaiatuba e Jaguariúna. Estes municípios compõem a periferia da cidade de Campinas e se destacam em relação aos demais municípios que compõem a RMC devido a seus históricos de desenvolvimento, sua localização e ao elevado nível de crescimento demográfico apresentado por eles no período posterior a década de 1980, quando o crescimento populacional da região decaia. Dado que o acréscimo demográfico registrado em ambos os municípios se deve, amplamente, a migração e a redistribuição interna da população na região, buscou-se compreender qual o perfil dos migrantes que se instalaram em Indaiatuba e Jaguariúna nas últimas décadas e quais as mudanças sociodemográficas e socioespaciais decorrentes dessa dinâmica. Para tanto, analisou-se os dados censitários de 2000 e 2010, referentes aos migrantes do tipo “data fixa” - que são aqueles que migraram para o município de residência até cinco anos antes do recenseamento – e, também, da população que não responde ao quesito “data fixa”, que engloba todos aqueles que vivem no município há mais de cinco anos – incluindo os naturais de cada município. Num segundo momento, foi analisada instalação de empreendimentos residenciais fechados nas cidades estudadas no período entre 1990 e 2018; segundo alguns autores, este tipo de moradia atende as preferências habitacionais da população de classes econômicas mais elevadas, além de acentuar a segregação socioespacial. Nesta etapa foram utilizados dados cedidos pelas respectivas Prefeituras Municipais e interpretação e análise de imagens de satélite com o auxílio dos programas Google Earth e ArcGIS – softwares que oferecem ferramentas para mapeamento, transferência de dados georreferenciados e análises comparativas entre diferentes áreas ao longo do tempo. A partir dos casos estudados nesta dissertação podemos observar que a periferia metropolitana tem se diversificado em termos demográficos, sociais, econômicos e estruturais em resposta aos processos de expansão urbana e de redistribuição interna da população que alteram o padrão de crescimento da metrópole campineira, e motiva este estudo.
Redistribuição espacial da população na Região Metropolitana de Campinas e a reestruturação das periferias metropolitanas: os casos de Indaiatuba e Jaguariúna
Data da defesa:
sexta-feira, 2 Agosto, 2019 - 13:00
Membros da Banca:
Prof. Dr. José Marcos Pinto da Cunha (IFCH/UNICAMP) - Orientador
Prof. Dr. Roberto Luiz do Carmo (IFCH/UNICAMP) - Membro
Profa. Dra. Maria Camila Loffredo D'Ottaviano (USP) - Membro
Prof. Dr. Anderson Kazuo Nakano (UBA) - Suplente
Prof. Dr. Alberto Augusto Eichman Jakob (IFCH/UNICAMP) - Suplente
Programa:
Nome do Aluno:
Letícia Barbosa Ribeiro
Sala da defesa:
Sala de Defesa de Teses