O mundo contemporâneo apresenta desafios para as ciências humanas, como a emergência de novos atores sociais que, justamente, reivindicam a inclusão de suas narrativas e experiências no debate acadêmico. Dentro deste panorama, a interculturalidade tem um papel central, seja para lidar com essas novas realidades, seja para reinterpretar o passado através de uma ótica nova, isto é, repensar a História em termos de interações culturais. Peter Burke, em um livro recente sobre hibridismo cultural (Hybrid Renaissance, 2016), fala precisamente sobre o conceito de ‘displacement’ como uma das principais ferramentas de inovação. Ao deslocarmos conceitos, pessoas ou tradições, surgem novas ideias e perspectivas analíticas. Trabalhar com o conceito de redes de interação nos permite lidar com dois problemas centrais no estudo da História: as relações entre mudança e continuidade e entre grupos diferentes, sejam eles distintos por etnicidades, pela geografia, por condições sociais ou até por gerações. Tal proposta apresenta também uma inflexão na questão do ensino, seja na formação de docentes pesquisadores no nível superior, seja no impacto sobre a Educação Básica e na comunicação com públicos mais amplos (história pública, extensão para espaços de ensino não-formais, alcance para a população de modo geral). O projeto prevê, então, por um lado, financiar pesquisas que tenham seu foco em temas relacionados a interações culturais, à circulação de pessoas, ideias e objetos, bem como a circulação e debate entre disciplinas. Por outro lado, pretende-se investir em uma maior interação de seus participantes com instituições estrangeiras, fazendo da interculturalidade não só um tema de pesquisa, mas também uma política acadêmica. O departamento de História, que hoje conta dois programas de pós-graduação (o ProfHistória e o PPG em História), desde sua fundação deu origem a diversos grupos de pesquisa que regularmente geram projetos temáticos e obtêm financiamentos junto à FAPESP e ao CNPq , tendo na interação internacional um de seus eixos centrais. Seguindo essa tradição, serão, assim, aproveitados convênios e colaborações já ativos ou em elaboração e, concomitantemente, buscaremos novas oportunidades de cooperação internacional. Neste sentido, bolsas e financiamentos que permitam o deslocamento de pesquisadores e alunos para missões e estágios em diferentes universidades serão fundamentais para o bom desenvolvimento do projeto.