Como Provar Coisas Com Sinais: Sobre a Lógica Performativa de Frege

Esta é uma tese sobre a concepção de lógica de Gottlob Frege. Mais precisamente, é uma leitura do linguagem formal desenvolvida por Frege, a conceitografia [Begriffsschrift], de um ponto de vista performativo. O sentido no qual a conceitografia pode ser chamada de performativa segue dos três principais componentes do sistema de lógica fregeano, a saber, juízos, definições e inferências. Defendo uma leitura na qual estes componentes são expressos por recursos ilocutórios da linguagem: asserções, declarações e permissões. De modo a desenvolver essa perspectiva, primeiro retomo as motivações fregeanas para considerar a sua lógica como uma linguagem e descrevo a primeira versão da conceitografia no capítulo 1. No capítulo 2, retomo a evolução do sistema fregeano, que culminaram na versão revisada do sistema em 1893. Nesse mesmo capítulo, mostro finalmente que juízos, inferências e definições são todos representados por sinais de tipos diferentes, isto é, performativos. No capítulo 3, resgato o problema do psicologismo que deriva dessa leitura e defendo uma leitura universalista da lógica de Frege. Ela será então utilizada no capítulo 4, para defender a lógica de Frege dos riscos psicologistas. Para tanto, argumento que Frege possui duas concepções de objetividade: uma conteudística e outra ilocutória. A primeira é melhor resumida pela pressuposição fregeana de um terceiro reino de pensamentos, o que descreve o que podemos chamar de semântica fregeana. A segunda deriva do papel normativo que as leis lógicas e regras de inferência possuem. Mesmo que juízos, inferências e definições sejam irredutivelmente atos, eles não estão sujeitos à leituras relativistas que derivem do risco psicologista. A leitura performativa também deixa em aberto uma reflexão sobre a posição de Frege na história da lógica. É o que proponho no capítulo 5, onde o foco será na herança histórica que juízos possuem. Também argumento que o abandono desta noção após Frege marca um processo de despragmatização de sistemas de lógica. Finalmente, no capítulo 6, e seguindo os uso pioneiro de Frege de marcadores de força ilocutória na linguagem, uso a Teoria de Atos de Fala de Searle como um guia para uma leitura não ortodoxa da conceitografia, reforçando o ponto linguístico argumentado nos capítulos anteriores. Como conclusão, aponto que essa leitura performativa possui duas consequências de interesse. Primeiro, ela oferece uma leitura da conceitografia que é historicamente justa ao momento histórico de Frege e seus objetivos, portanto, não apenas lendo-o como outra variante de um cálculo de predicados moderno. Segundo, ela ajuda a iluminar perspectivas pragmáticas recentes em filosofia da lógica e filosofia da matemática, onde a lógica de Frege pode ser considerada um interessante caso de uma linguagem lógica orientada à prática.

Data da defesa: 
quinta-feira, 16 Dezembro, 2021 - 10:00
Membros da Banca: 
Presidente Prof. Dr. Giorgio Venturi IFCH / UNICAMP
Membros Titulares Prof. Dr. Marco Antonio Caron Ruffino IFCH / UNICAMP
Dr. Tiago Rezende de Castro Alves Universidade Estadual de Campinas
Dr. Dirk Greimann Universidade Federal Fluminense
Dr. Michael Beaney Humboldt Universität, Berlin
Membros Suplentes Dra. Ekaterina Kubyshkina Universidade Estadual de Campinas
Dr. Rodrigo de Alvarenga Freire Universidade de Brasília
Dr. Mattia Petrolo Universidade Federal do ABC
Programa: 
Nome do Aluno: 
João Vitor Schmidt
Sala da defesa: 
Integralmente a Distância - link https://youtu.be/dbRlDYXYGmc