As autoridades tradicionais são grupos sociais étnicos que surgiram na África colonial e pós-colonial no contexto do resgate da tradição como parte da cultura em Moçambique. O seu ressurgimento acontece entre disputas, tensões políticas e científicas sobre a continuidade e descontinuidade destes grupos sociais na gestão das terras. O processo da institucionalização destas autoridades foi possível através da colaboração e interação de atores nacionais e internacionais, sublinhando a necessidade de reconhecimento destes grupos por meio de arranjos institucionais como fruto da democracia e descentralização do poder na gestão das terras. O fortalecimento deste grupo social étnico em Moçambique foi feito segundo acordos internacionais que contribuíram para a ratificação das políticas nacionais, destacando os grupostradicionais na gestão dos comuns. A partir da análise do papel das autoridades tradicionais do grupo étnico Ndau, foi realizado este estudo em quatro comunidades locais: Sussundenga, Rotanda, Muôha e Dombe. Em termos metodológicos, a recolha de dados foi feita com base em 180 entrevistas semiestruturadas e fontes secundárias, considerando os aspectos sociais e culturais como estratégias de conservação florestal que contribuem para uma gestão das florestas a longo prazo, quando combinada com o desenvolvimento das comunidades locais. Dos resultados, apuramos que as culturas são produtos de um processo histórico, onde a colaboração e interação multinível de diferentes atores evolui no tempo e no espaço num mecanismo institucional reajustado e inventado de acordo com as necessidades locais. Este processo de interação multinível garante uma maior participação na conservação das florestas, de acordo com a situação de ação.