O fascínio que o crime e os criminosos exerceram sobre o público é fato reconhecidamente antigo e comum. Partindo desta premissa, a tese apresenta uma análise do fenômeno da celebrização de bandidos no Brasil, priorizando a dimensão visual das narrativas, aquela em que se compreende a produção de imagens como artefatos que têm potencialidade de provocar efeitos, seja no ato mesmo de sua produção e no alcance da circulação, ou a partir da forma de seu consumo e demanda. Com isso, a celebridade atrelada à transgressão seria um dos efeitos da circulação de fotografias de bandidos nos jornais, a princípio, no formato mug shot, e depois, nas diversas variações produzidas pelo fotojornalismo policial. Nesse sentido, o circuito de produção da fotografia policial e de imprensa e as transformações do olhar do espectador, entendidos como as pontas de um mesmo processo, são considerados agentes fundamentais na construção da fama de bandidos. Para conduzir a análise, foram consideradas três trajetórias criminosas no Brasil, em que a atuação do bandido foi elevada ao status de saga, de celebridade e até de mito. Ou seja, trajetórias em que os crimes se misturaram a um tipo de narrativa nos jornais – sobretudo - em que se construiu a fama e se conferiu ao retrato do bandido a característica de um produto de consumo de massas em diferentes contextos brasileiros. São eles: Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1900 – 1938), Antonio Rossini, o Promessinha (1938 -?) e Manoel Moreira, o Cara de Cavalo (1941 – 1964).