Niilismo e modernismo: o diagnóstico de Ernst Jünger e o informe na pintura francesa do segundo pós-guerra

O niilismo tornou-se problema na história da filosofia desde a modernidade e, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX, com Friedrich Nietzsche (1844-1900) e sua crítica aos fundamentos da cultura ocidental e seu diagnóstico da “morte de Deus”, fez-se perspectiva relevante de interpretação da modernidade e de nossa contemporaneidade. Como perspectiva interpretativa desse período histórico, o niilismo faz-se relevante também como perspectiva de análise dos fundamentos da produção artística moderna e contemporânea. Destaca-se a simultaneidade do diagnóstico nietzschiano do niilismo e a emergência do modernismo na Europa. Considerando esse horizonte de problemática, temos por objeto de investigação o entrecruzamento do diagnóstico do niilismo realizado por Ernst Jünger (1895-1998) com o modernismo, num recorte que enfoca o diagnóstico jüngeriano do imediato segundo pós-guerra e o campo das experiências pictóricas francesas contemporâneas a ele, as quais comumente encontramos reunidas, no campo da crítica, da teoria e da história da arte, sob a categoria “pintura informal”. Jünger realizou no decorrer do século XX uma incontornável análise do niilismo, por sua vez uma importante atualização do diagnóstico nietzschiano, na qual a relação entre niilismo e arte recebeu considerável atenção, com especial atenção à pintura moderna; e a pintura informal, ou art autre – categoria também destacada em nossa análise – mostrou-se campo relevante para analisarmos transformações da pintura ocidental numa relação com os desdobramentos do niilismo tal como analisado pelo autor. Nesse sentido, investigamos relações e propomos articulações entre a história do niilismo ocidental e a história da arte.