O presente trabalho objetiva perscrutar os meandros da verdade a partir da perspectiva linguística do jovem Nietzsche e a valorização nietzscheana do conhecimento estético ou metafórico em detrimento do conhecimento lógico-discursivo-conceitual. Na Introdução, traçaremos um panorama da noção de verdade, com ênfase em sua versão correspondentista e, em seguida, apresentaremos a crítica de Nietzsche a esta visão, mostrando que o caminho construído pelo autor desemboca na arte. No primeiro capítulo, faremos um mapeamento dos textos que “circundam” o ensaio Sobre verdade e mentira no sentido extramoral, desde alguns fragmentos póstumos, passando pelos textos preparatórios a O Nascimento da Tragédia e chegando propriamente à primeira obra publicada por Nietzsche, O Nascimento da Tragédia, promovendo o trânsito entre os póstumos e a obra édita. Terminamos o capítulo com o fragmento 12 [1], que é uma espécie de ponte para o próximo passo. No segundo capítulo, faremos uma detida análise do ensaio Sobre verdade e mentira no sentido extramoral, no qual Nietzsche defende sua perspectiva de que a verdade é uma metáfora cristalizada, que o ser humano é genuinamente um criador e que os conceitos nascem porque os homens se esquecem que são criadores de metáforas, trazendo à luz a crença no conhecimento verdadeiro. Por fim, nas Considerações Finais, apontaremos que não é exclusividade das obras juvenis de Nietzsche a crítica que ele empreende à verdade e mostraremos que sua visão sobre a arte como alternativa plausível à “necessidade de verdade”, em grande medida, mantém-se em obras posteriores.