Modelos críticos na filosofia da música de Theodor W. Adorno. A categoria de material musical.

Este trabalho tem por objetivo investigar a categoria de material musical na obra de Theodor W. Adorno. Partindo do pressuposto da mediação entre música e sociedade através dessa categoria, sustentamos a tese de uma diferenciação entre dois modelos crítico-musicais que procuram apreender as mudanças concretas na situação da música de vanguarda entre 1930 e 1969. No primeiro modelo, cuja obra principal é a Filosofia da Música Nova (1949), a categoria de material musical fornece o critério segundo o qual as obras da geração de Arnold Schoenberg e Igor Stravinsky são criticadas, estética e socialmente, segundo seu sentido progressista ou reacionário. Ao mesmo tempo, Adorno identifica a partir do dodecafonismo que a racionalização sem falhas da técnica musical mais avançada ameaça converter-se no fetichismo do material e na consequente eliminação da liberdade subjetiva – algo que se confirmaria no serialismo integral de Darmstadt no início dos anos 1950. No entanto, as mudanças no estado da composição musical a partir de meados dessa mesma década, além da participação ativa de Adorno nos debates musicais com a geração de Darmstadt no pós-guerra, fornecem as bases para o surgimento de um novo modelo crítico nos escritos tardios, centrado no programa adorniano da música informal.