Migração e expansão da fronteira agrícola: formação da rede migratória do território da soja

Esta tese tem como objetivo analisar a estrutura da rede migratória do território da soja no ano de 2010. Esta análise partiu de métodos que utilizam as medidas tradicionais da migração (imigrantes, emigrantes e Índices de Eficácia Migratória) e da Teoria dos Grafos (modularidade e graus de centralidade). Os dados utilizados foram os do Censo Agropecuário de 1995 e de 2006 e dos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010. Utilizando-se o critério de ára colhida de soja em grãos, foram selecionados 323 municípios para compor o território da soja. Tomando por critério que a migração é um fator que estabelece a conexão entre os municípios, foram selecionados os fluxos migratórios entre os mesmos. Através dos fluxos, identificou-se a formação de quatro módulos, denominados como Brasília, Campo Grande, Londrina e Passo Fundo, que são os maiores municípios dos respectivos módulos. As diferenças demográficas entre os módulos foi observada pelo número de municípios, distribuição populacional, tamanho dos municípios e estrutura por sexo e faixa etária destes. Quanto à migração, observou-se que a migração intramodular é superior à intermodular, indicando que há pouca troca migratória entre os mesmos. No entanto a Teoria dos Grafos, através dos graus de centralidade de autovetor e de proximidade, identificar a importância dos municípios para a formação da rede. Desta forma observou-se que entre 1991 e 2010 houve uma redução dos municípios de média importância, havendo uma polarização entre os de alta e os de baixa importância para a rede migratória. Esta informação indica que, apesar da modularidade, há diferenças no direcionamento dos fluxos, onde alguns foram capazes de ter um número elevado de arestas e de migrantes elevado com relação aos demais. No período analisado, o volume de arestas e de migrantes dos 34 município de alta importância foi crescente enquanto que os 259 municípios de baixa importância apresentam um elevado número de arestas, mas acompanhado de uma a redução do número de migrantes. O aumento dos fluxos entre os municípios de alta importância e redução dos de baixa importância reflete a dificuldade dos pequenos municípios crescerem demograficamente neste cenário do agronegócio, uma vez que o meio rural se caracteriza pela pouca absorção de mão de obra e as atividades do meio urbano tendem a se aglomerar, não apenas para atingir um maior número de consumidores, mas para buscar melhor infraestrutura e superar dificuldades de obtenção de mão de obra.