Na IV Bienal de São Paulo, ocorreu a primeira retrospectiva internacional de Jackson Pollock, o que catalisou mudanças profundas no mundo artístico brasileiro. Essas transformações se manifestaram na valorização de uma arte considerada jovem, representada pela pintura abstrata que recusava a geometria.
A tese acompanha três facetas dessa mudança. No âmbito institucional, debruça-se sobre as Bienais, que antes dessa retrospectiva, tendiam a valorizar artistas modernistas cujas carreiras remontavam à primeira metade do século XX, como Fernand Léger e Pablo Picasso. Salta aos olhos que, após a mostra de Pollock, a preferência recaiu sobre artistas absolutamente jovens, que se referenciavam ou tentavam superar o próprio Pollock.
No campo da crítica de arte, 1957 marca o início das discussões sobre uma homogeneidade transnacional na forma de se fazer pintura levada a cabo pelos artistas mais novos. Mário Pedrosa argumentava que esse estilo havia nascido com Pollock, mas se desenvolvido com uma geração mais jovem e parisiense. Essa nova geração teria esvaziado o significado das conquistas formais do mestre norte-americano e produzido pinturas conformistas, movidas pelo único desejo de originalidade.
Do ponto de vista artístico, esse foi o momento de consagração do pintor Manabu Mabe, premiado na quinta Bienal de São Paulo em 1959. Mabe fazia parte de um grupo de artistas imigrantes que se reuniam para compartilhar conhecimentos e oportunidades artísticas. Após a exposição de Pollock, ele abandonou a pintura de paisagens e passou a produzir abstrações não-geométricas. Entre 1957 e 1959, ele classificou sua produção como "expressionismo abstrato" e experimentou com técnicas norte-americanas referenciadas em Pollock e em Franz Kline.