LUZ E SOMBRA - A LEMBRANÇA IDEALIZADA DAS DITADURAS MILITARES DO BRASIL E DO CHILE: UM ESTUDO DE CASO DO "MEMORIAL DA RESISTÊNCIA" E DO "MUSEO DE LA MEMORIA Y DE LOS DERECHOS HUMANOS" (1990-2018).

A segunda metade do século XX foi marcada pela recuperação das memórias dos temas ditos sensíveis relacionados aos acontecimentos das violações aos direitos humanos do período. A partir da popularização dos princípios éticos do “dever de memória” e do “nunca mais” na luta contra o esquecimento do Holocausto judeu no final da década de 1970, refletimos sobre a incorporação desses ideais em políticas de memórias públicas implementadas durante os processos de redemocratização no Cone Sul. Dentro desse circuito de memórias, esta tese apresenta especificamente a trajetória de criação e manutenção do “Museo de La Memoria y de Los Derechos Humanos”, do Chile, e o “Memorial da Resistência”, do Brasil, e como as narrativas sobre a ditadura militar foram negociadas nos dois museus memoriais. Para esta análise, foram escolhidas duas estratégias museológicas: os planos museais e as exposições permanentes com o objetivo de identificar quais as memórias foram privilegiadas em cada proposta. Pretendeu-se demonstrar que estes museus produzem narrativas não só de lembranças, mas, também, do esquecimento. Isto é, ao privilegiar a memória de determinados grupos de vítimas da ditadura, acabam por eclipsar outros passados violentos do contexto ditatorial e que ainda se perpetuam no tempo presente. Os resultados atentam para as potencialidades e fragilidades dos esforços pedagógicos-políticos dessas instituições que carregam como missão a promoção da cultura dos direitos humanos e da democracia e a expectativa de que esses valores se convertam em fundamento ético compartilhado, para impedir que crimes análogos aos abordados se repitam.