Os limites da teoria computacional da mente e o papel do corpo na capacidade semântica

Este trabalho tem por objetivo central analisar a tese segundo a qual o corpo biológico pode ser relevante para a habilidade de sistemas operarem semanticamente em um contexto linguístico. Para isso, inicialmente pretendemos problematizar a abordagem computacional da mente, amplamente propagada nas áreas da Filosofia da Mente e da Ciência Cognitiva. Especificamente, objetivamos analisar as possibilidades e os limites explicativos dessa abordagem no que diz respeito ao aspecto semântico da linguagem, considerada como uma capacidade cognitiva. Defensores da abordagem computacional da mente, como Fodor (1975, 1983, 1998, 2001) e Chomsky (1967, 1971, 1980, 2002, 2005), argumentam que a relação entre os processos mentais e o corpo se desenvolve de modo semelhante àquela da relação software-hardware em um computador. Tal abordagem pressupõe a mente como um sistema de processamento de informação como um computador digital, que opera, inicialmente, de forma sintática. Nesse sentido, a linguagem enquanto processo cognitivo amplo que engloba aspectos sintáticos e semânticos seria, então, um processamento de informações lineares e computáveis, possíveis a partir da configuração estrutural biológica de certos indivíduos. Sugerimos que a linguagem pode ser uma ferramenta para investigações acerca da mente e, por fim, procuraremos investigar quais critérios devem ser atendidos para que um sistema opere semanticamente de forma adequada e qual o papel (se ele existir) do corpo nesse processo.