"La ciudad que huye": o cinema como expressão sensível dos modos de viver em countries, condomínios e bairros fechados na Região Metropolitana de Buenos Aires

Esta tese de doutorado investiga o processo histórico de formação dos countries, condomínios e bairros fechados na Região Metropolitana de Buenos Aires (RMBA), a partir de 1970, em correlação com a produção do cinema argentino contemporâneo, buscando pensar as relações entre sensibilidades, sociabilidades e espaço urbano. O trabalho aborda conjuntos de fontes que perpassam diferentes aspectos da questão, com ênfase em: aspectos técnicos, referentes a escritos de arquitetos, urbanistas, geógrafos e sociólogos, concernentes à urbanização da RMBA; dimensões relativas aos impactos sensíveis dessa forma específica de organização urbana, tais como dados sobre a formação e expansão das urbanizações privadas, as alterações sofridas na legislação, estratégias de difusão e comunicação; e um aspecto artístico, cuja fonte principal é cinematográfica, e analisa um curta-documental e seis filmes argentinos relacionados à temática. A hipótese central é que essa filmografia se apresenta como sintoma de uma espécie de cidade (des)encontrada retratada no âmbito da crítica à implementação de políticas neoliberais, mudanças culturais e do aumento do discurso sobre a violência urbana, instituída numa nova lógica espacial. Ao problematizar historicamente o contemporâneo, inquerimos de que forma os filmes evidenciam processos subjetivos ao mesmo tempo em que despertam em nós sentimentos em relação ao que está sendo assistido. Investigamos como o cinema torna a indiferença insuportável ao jogar especialmente com categorias ligados ao gênero cinematográfico de horror e suspense enquanto expressa modos de viver em urbanizações privadas. São considerados o curta-documental de Lucrecia Martel, “La ciudad que huye” (2006), e os filmes, “Cara de queso ‘mi primer ghetto’ (2006) de Ariel Winograd, “Una semana solos” (2007) de Celina Murga, “Las viudas de los jueves” (2009) de Marcelo Piñeyro, Betibu (2014) de Miguel Cohan, “Historia del Miedo” (2014) de Benjamín Naishtat, e “Los decentes” (2016) de Lukas Valenta Rinner.