Imediatidade e início na Ciência da Lógica de Hegel.

Esta pesquisa investiga a relação entre a mudança de sentido da noção de imediatidade (Unmittelbarkeit) no início da Doutrina da Essência e a resolução circular do problema do início lógico. Mais especificamente, partindo do modo como o problema do início lógico é apresentado no texto Com o que precisa ser feito o início da ciência?, em sua versão de 1831, a saber, como a refutabilidade de um início imediato assim como de um início mediado, investigamos se a alteração de sentido da noção de imediatidade no primeiro capítulo da lógica da essência, quando se compara o seu uso com o início da lógica do ser, diz respeito ao que Hegel considera ser uma resolução circular para o mencionado problema. Isso significa perguntar-se de que modo a transição da concepção de imediatidade como exterioridade e indeterminação para a afirmação da imediatidade como movimento criador cujo sujeito é a negatividade se relaciona com a análise do início lógico. A dissertação se estrutura a partir do conflito entre a posição de acordo com a qual o início da Lógica se mantém como uma imediatidade não mediada, e a posição que defende que tal início é, ele mesmo, já constitutivamente mediado. Ambas as abordagens se valem de uma interpretação própria da mudança de sentido da noção de imediatidade na lógica da essência para fundamentar a sua posição. Esse debate é uma manifestação concreta da divergência mais ampla quanto a se há ou não, na filosofia hegeliana, espaço para aquilo que não pertence ao sistema, isto é, para o imediato que se mantém não mediado.