Imagem, falsidade e não-ser no Sofista de Platão

No Sofista, Platão define os sofistas como imitadores de sábios (Sof. 268c8−d5). Estes, a partir de uma técnica própria, produzem uma falsa aparência de sabedoria que atrapalham o bom funcionamento do discurso dialético. Contudo, para chegar a tal definição, é necessário percorrer uma série de problemas, mais especificamente os seguintes: (i) paradoxo da imagem (Sof. 236e9−237b2); (ii) aporias do não ser (236d−239e); (iii) relação entre não-ser e imagem (239e−240c); (iv) opinião falsa e a distinção entre discurso dialético e o discurso sofístico (240c−242b). No primeiro capítulo, trataremos da seguinte tripla analogia, isto é, (i) relação entre imagem e objeto, (ii) o falso e o verdadeiro e (iii) o problema da definição do próprio sofista. No segundo capítulo, faremos um estudo exegético das aporias do não-ser (236d−239e), apontando o que está sendo discutido em cada aporia, isto é, qual problema está sendo explorado e identificado com estas aporias. Contudo, tal capítulo, nem mesmo este trabalho, tem o objetivo de explicar como tais aporias são solucionadas. No terceiro capítulo, a relação entre não-ser, paradoxo do falso e a dificuldade em capturar o sofista é nosso tema, para em seguida apresentamos a tarefa do dialético. Nosso objetivo é apresentar uma discussão crítica do paradoxo do falso e da aporia do não-ser para exibir quais tipos de problemas filosóficos estão sendo fabricados como desafio à captura do sofista. A questão norteadora deste trabalho é sobre como surge essa cadeia de problemas, paradoxos e aporias em um diálogo que, a partir do método de divisões, buscava definir o sofista.