(IM) POSSIBILIDADES DA EXTENSÃO RURAL PARA A AGRICULTURA FAMILIAR: UMA ANÁLISE DOS CICLOS DE ATER NO BRASIL

No Brasil, políticas e instituições públicas de Extensão Rural foram historicamente sujeitas às reformulações dos governos que as coordenaram. A Ater já foi considerada estratégica e suas instituições fortalecidas, como também desnecessária e suas instituições sucateadas. Além disso, suas metodologias, diretrizes e forma de gestão também variaram a depender das agendas políticas e econômicas implementadas e de como o projeto de desenvolvimento rural se alinhou às mesmas. Entre 2004 e 2016, pela primeira vez a extensão rural voltou-se exclusivamente ao atendimento da agricultura familiar, sob a gestão do (extinto) MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário). Este trabalho discute qual a relação da agricultura familiar com a extensão antes, durante e após esse período. A partir de uma análise dos princípios, formas de coordenação e execução da Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural) federal, busca-se compreender os limites de uma extensão emancipatória e não hegemônica operacionalizada em um Estado Capitalista. O estudo se baseou em revisão bibliográfica, observação participante, entrevistas e análise de dados secundários sobre políticas de Ater geridas pelo MDA e Anater (Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural). A pesquisa pretende contribuir no debate sobre o papel dos serviços de Ater no desenvolvimento rural, além de subsidiar criticamente em seus processos decisórios gestores públicos, movimentos sociais e outros grupos da sociedade civil organizada ligados ao tema.