Uma história transnacional da modernidade: produção de sujeitos e objetos da modernidade por meio dos conceitos de civilização e cultura e do patrimônio etnográfico e artístico

Pretendo apresentar nesta tese uma “história transnacional da modernidade” que dê conta da produção de modernidades específicas por meio de determinados processos de subjetivação e objetificação possibilitados por “híbridos” conceituais e patrimoniais. A modernidade é entendida aqui como uma ideologia que se reproduz pela produção de seus sujeitos e seus objetos, englobando outras ideologias ou complexos simbólicos em sua configuração universalista. Sua expansão se dá por meio da circulação transnacional de “coisas”, que podem ser pessoas, ideias ou recursos e que podem ser produzidas tanto como sujeitos quanto como objetos da modernidade, dependendo da forma como se relacionam com determinados tipos de “híbridos”. Esses “híbridos”, por sua vez, são um outro tipo de “coisas”, produzidos por e produtores dos sujeitos e objetos da modernidade e situados entre eles. Assim, os conceitos de civilização e cultura e os patrimônios culturais, entendidos como “híbridos”, não são encarados aqui como meros produtos de determinados sujeitos, mas, igualmente, como os próprios produtores desses sujeitos e de seus objetos. Os “sujeitos” produzidos por essas relações são antropólogas e antropólogos, bem como agentes da burocracia estatal voltada para a produção de uma ideologia nacionalista moderna. O “objeto” é a própria modernidade, ora moldada pelo conceito de “civilização” ora pelo conceito plural de “cultura”.

Para tanto fez-se necessário propor uma reconsideração da história dos conceitos e da história do patrimônio cultural à luz da ideia de “híbrido” proposta por Bruno Latour. Além disso, busquei apontar a gênese e os limites semânticos propostos nesta tese para os conceitos de modernidade, civilização, cultura e barbárie. O método utilizado articula a história transnacional, uma interpretação crítica de documentos, sobretudo correspondências, colecionados em instituições arquivísticas modernas, e uma perspectiva narrativa que possibilite evocar não só sujeitos históricos, mas os seus objetos e os híbridos, conceituais e patrimoniais, que produziram a ambos. As redes de circulação transnacional abordadas correspondem àquilo que chamo, na primeira parte da tese, de “americanismo” e, na segunda parte, “interamericanismo”, cada uma delas correspondente a diferentes configurações relacionais e ideológicas diretamente conectadas à produção da própria modernidade nacional brasileira. Na terceira parte, restrinjo o foco a fim de tratar de duas redes relacionais regionais, a primeira tecida a partir do Rio de Janeiro e a segunda de São Paulo. Em ambas, demonstro como a coleta, organização e interpretação de determinadas formas de patrimônio etnográfico e artístico possibilitaram a produção tanto de sujeitos como objetos de modernidades alternativas nacionais.

Data da defesa: 
quinta-feira, 15 Março, 2018 - 17:00
Membros da Banca: 
Silvana Barbosa Rubino - Unicamp
Cristina Meneguello - Unicamp
Christiano Key Tambascia - Unicamp
Cristina Peixoto Mehrtens - University of Massachusetts
Marcia Regina Romeiro Chuva - Unirio
Programa: 
Nome do Aluno: 
Walter Francisco Figueiredo Lowande
Sala da defesa: 
Sala de Defesa de Teses

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