O trabalho tem como intenção analisar a obra de João de Salisbury, Historia Pontificalis, à luz do que a historiografia entende como um texto de história composto na Idade Média, em especial no século XII, quais metodologias aproximam esses escritos, e também a partir das classificações feita por estudiosos do documento, em que categoria o teriam colocado, e a partir de quais elementos textuais. O autor ao iniciar a narrativa expõe que teria a pretensão de narrar os acontecimentos que tiveram lugar no momento em que esteve presente junto a cúria papal, assim sendo, a obra trata a respeito dos anos de 1148 a 1152. O texto apresenta as ações do papa, Eugênio III, por isso, teria recebido o adjetivo de pontificalis, mas também de outros personagens que seriam importantes para o autor, como, Teobaldo, arcebispo de Canterbury, Bernardo de Claraval e Gilberto de Poitiers e, por isso, a escolha do título também é discutida pela historiografia, teríamos uma história pontificalis ou um exemplar das memórias de João de Salisbury.
O objetivo da pesquisa é tentar compreender quais elementos formariam um texto de história na Idade Média e se esses podem ser encontrados na narrativa de João de Salisbury, a presença de um prólogo, a escolha dos acontecimentos a serem narrados. Tem-se como hipótese que mesmo em se tratando de um fragmento, o único manuscrito que temos conhecimento trata-se de um fragmento do século XIII, que teve sua autoria reconhecida apenas no século XIX, e apresentando particularidades na composição do texto, o autor também teria seguido uma metodologia que colocaria a narrativa na tradição dos escritos históricos medievais, como iniciar o texto com a apresentação de um prólogo, o qual, explica o objetivo que pretendia alcançar ao escrever um texto de história e em que esse seria útil, além de apresentar quais seriam as fontes utilizadas e o recorte escolhido para compor a obra. Devido ao fato de estar compondo um texto que aborda questões contemporâneas também procuramos entender qual seria o público pretendido pelo autor e também se esse escrito tem ligações com os outros textos do autor. Para isso, recorremos ao que a historiografia convencionou chamar de história na Idade Média e também uma análise do documento, a partir de alguns personagens e eventos.
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