De geração em geração, famílias na luta por um pedaço de chão: estrategias de reprodução camponesa no Vale do Juari, Tocantins

Esta tese analisa as trajetórias sociais e estratégias de reprodução social das famílias camponesas no território vale do Juari, no Tocantins. Entende-se por trajetórias a mobilidade de indivíduo ou grupos sociais que se deslocam dentro de uma estrutura social. Trata-se, portanto, em compreender os processos sociais vivenciados por estas famílias, os sucessivos caminhos percorridos por estes agentes e o acúmulo de experiências referentes aos processos vivenciados no meio rural, que ao longo de quatro décadas possibilitara-os, consciente ou inconscientemente, desenvolver estratégias para assegurar a reprodução social da unidade familiar. Estratégias são adaptações das práticas conforme as situações vivenciadas pelos agentes sociais, para manter ou melhorar suas posições na estrutura social. A história da ocupação do território vale do Juari é marcada por intenso conflito em torno da terra entre camponeses e fazendeiros latifundiários agropecuaristas. Desde a década de 1940 a região vinha sendo ocupada por famílias de camponeses-garimpeiros-posseiros do Nordeste. A partir da década de 60 os camponeses foram expropriados das suas posses a força e experienciaram os cercamentos das terras do Estado que foram transformadas em grandes fazendas de gado comprometendo a reprodução material e simbólica das famílias. O bloqueio das terras de trabalho, somado ao fraco tecido urbano da região, determinaram a estrutura de dominação personalizada, os camponeses ficaram sujeitos aos domínios dos grandes fazendeiros na condição agregados e peão de juquira para garantir as condições materiais e sociais de existência. Entretanto, as usurpações das terras, das suas condições de vida e de dignidade no sistema de peonagem, coagiram os camponeses foram a fazer a reconversão de suas trajetórias, desencadeando a luta pela terra e a territorialização dos assentamentos rurais no Vale do Juari. A reapropriação da terra e territorialização camponesa engendrou entre as novas gerações o desejo de ficar no campo, percebendo quer ser camponês é um negócio possível e vem garantindo a reprodução dos assentamentos rurais.

Data da defesa: 
terça-feira, 28 Março, 2017 - 17:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Sônia Maria Pessoa Pereira Bergamasco Presidente UNICAMP
Prof. Dr. Fernando Antonio Lourenço Membro UNICAMP
Profa. Dra. Maria Helena Rocha Antuniassi Membro USP
Profa. Dra. Rosemeire Aparecida Scopinho Membro UFSCAR
Profa. Dra. Vera Lúcia Silveira Botta Ferrante Membro UNIARA
Profa. Dra. Nashieli Cecília Rangel Loera Suplente UNICAMP
Profa. Dra. Vanilde Ferreira de Souza-Esquerdo Suplente UNICAMP
Prof. Dr. Henrique Carmona Duval Suplente UFSCAR
Nome do Aluno: 
Adelma Ferreira de Souza
Sala da defesa: 
Sala da Congregação