Nas últimas décadas, políticas de flexibilização das relações trabalhistas ganharam força e destaque em vários países, alicerçadas no crescente discurso de eficiência produtiva. Esta tese analisa os impactos da reforma trabalhista aprovada no Brasil em 2017, que alterou substantivamente o marco legal institucional vigente no país. O foco de análise foi o setor siderúrgico, por meio de um estudo de caso da empresa Usiminas, instalada na cidade de Ipatinga, em Minas Gerais. No desenvolvimento da pesquisa observou-se as principais mudanças ocasionadas e/ou aprofundadas pela reforma em dois eixos: (1) a situação do emprego e as relações de trabalho, especialmente quanto às modalidades de contratação, à determinação da jornada e à remuneração do trabalho; e (2) a organização sindical e as negociações coletivas, observando tanto os resultados como as práticas e as estratégias adotadas pelos atores. A pesquisa analisou primeiramente as medidas aprovadas pela reforma, examinando os efeitos e os sentidos das modificações. Nesse aspecto, identificou-se que as alterações promovidas têm impacto não só nas condições de trabalho e de contratação, mas também na proteção social e na organização sindical, enfraquecendo os mecanismos de defesa dos trabalhadores no desenvolvimento dos direitos de proteção laboral. Em seguida, analisou-se o desenvolvimento do setor siderúrgico no país, desde a sua constituição até as recentes modificações produtivas. Aprofundando a pesquisa, observou-se a constituição histórica da Usiminas, a transformação de Ipatinga em uma cidade-empresa e a fundação e o desenvolvimento do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e região (Sindipa). Nesse cenário, identificou-se que, diante das transformações no mercado de aço nas últimas décadas, a siderúrgica adotou uma estratégia baseada em uma forte investida sobre as condições laborais e à redução dos custos com a força de trabalho. A reforma legalizou e permitiu a ampliação de práticas que já vinham sendo implementadas pela empresa, como a terceirização, a redução salarial e a diminuição dos postos de trabalho. Novas medidas também foram identificadas, como a mudança no turno de revezamento para 12 horas. As modificações decorrentes da reforma impactaram também na capacidade de negociação e organização do Sindipa, criando novos obstáculos para a manutenção da estrutura da entidade, especialmente devido ao impacto financeiro resultante do fim da obrigatoriedade do imposto sindical.
FORJANDO O AÇO E RELAÇÕES DE TRABALHO: um estudo de caso do impacto da reforma trabalhista na siderúrgica Usiminas
Data da defesa:
sexta-feira, 30 Agosto, 2024 - 14:00
Membros da Banca:
Prof. Dr. Jose Dari Krein (Presidente)
Profa. Dra. Andreia Galvão (Unicamp)
Profa. Dra. Patricia Vieira Trópia (Universidade Federal de Uberlândia)
Prof. Dr. Roberto Véras de Oliveira (Universidade Federal da Paraíba)
Prof. Dr. Rodrigo Salles Pereira dos Santos (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Programa:
Nome do Aluno:
Flávia Ferreira Ribeiro
Sala da defesa:
Sala de Teses