Em abril de 1765, o governador de Angola, Francisco de Sousa Coutinho deu início às pesquisas sobre a mineração do ferro no Reino de Angola que levaram à construção da Fábrica do Ferro de Nova Oeiras, nomeada assim em homenagem ao então Conde de Oeiras, futuro Marquês de Pombal. A ideia inicial era estabelecer duas fábricas e, para tanto, seriam fundadas duas povoações civis para ampará-las com o cultivo alimentos e o fornecimento de trabalhadores. Na fábrica da Ilamba (região localizada entre os rios Kwanza e Mbengu) se exploraria o “ferro da terra”, ou seja, seria necessário abrir galerias subterrâneas para explorar o minério. Essa fábrica ficaria na povoação de Novo Belém e levaria o seu nome; seria instalada junto ao rio Zenza, que permitiria a condução do metal até a cidade de Luanda. A outra fábrica exploraria as serras de “ferro da pedra” que se localizam na confluência dos rios Lukala e Luinha (afluentes do rio Kwanza), na jurisdição de Massangano, junto à povoação de Nova Oeiras. Nas fugas dos trabalhadores, na sua recusa em aprender as técnicas estrangeiras, nas estratégias dos sobas de ora colaborar, ora boicotar o projeto colonial, os africanos conseguiram preservar ao longo tempo seu domínio sobre a exploração do ferro. Por isso, consideramos que os planos de Sousa Coutinho para a fábrica de ferro fracassaram principalmente porque não encontraram colaboração permanente nas elites e nos trabalhadores africanos; o governo de Luanda fracassou em convencê-los do sucesso do empreendimento. Não queremos dizer com isso que a construção e o recrutamento para o trabalho na fábrica não causaram um impacto profundo nos sobados ao seu redor. Ao contrário, o que afirmamos é que a violência do trabalho na fábrica e dos maus tratos e “pancadas” dos seus funcionários e a desagregação política e social das banzas provocada pela deserção constante de homens que não queriam ser mandados para o trabalho na fábrica não foram suficientes para conter as resistências ao domínio colonial
Ferreiros e Fundidores da Ilamba. Um história social da fabricação de ferro e da Real Fábrica de Ferro de Nova Oeiras (Angola)
Data da defesa:
segunda-feira, 22 Maio, 2017 - 17:00
Membros da Banca:
Profa. Dra. Silvia Hunold Lara (IFCH/UNICAMP) - Orientadora
Prof. Dr. Robert Wayne Andrew Slenes (IFCH/UNICAMP) - Membro
Profa. Dra. Lucilene Reginaldo (IFCH/UNICAMP) - Membro
Prof. Dr. Roquinaldo Ferreira (Universidade de Brown) - Membro
Profa. Dra. Mariana Pinho Candido (University Of Notre Dame) - Membro
Prof. Dr. Omar Ribeiro Thomaz (IFCH/UNICAMP) - Suplente
Profa. Dra. Marina de Mello e Souza (USP) - Suplente
Profa. Dra. Mariza de Carvalho Soares (UFF) - Suplente
Programa:
Nome do Aluno:
Crislayne Gloss Marão Alfagali
Sala da defesa:
Sala de Defesa de Teses