Fazer ficção como um ato de fala

Neste trabalho proponho uma defesa da tese de que escrever uma obra de ficção consiste na performance de um ato de fala sui generis. Inspirado em Grice, caracterizo esse ato de fala em um modelo expressivista de força ilocucionária. De acordo com essa proposta, realizar um ato de fala consiste na expressão de uma intenção comunicativa explícita, racionalmente restrita, e auto-referencial, que é direcionada a uma audiência. Neste modelo, proponho que no processo de escrever uma obra de ficção, o autor realiza um ato de fala sui generis que consiste na expressão de sua imaginação. Na sequência, proponho um modelo dinâmico para atos de fazer ficção. A contribuição realizada por um ato de fazer ficção, de acordo com esse modelo, é sempre dada por um outro ato de fala. Essa caracterização acomoda a uniformidade dinâmica apresentada por atos de fala ficcionais como um resultado natural da natureza representativa de obras de ficção. Depois, trato das diferenças entre minha proposta e teorias do solo comum não-oficial. Argumento que modelos completamente dinâmicos não são capazes de caracterizar precisamente forças ilocucionárias. Subsequentemente, discuto o lugar de asserções em obras de ficção. Enquanto concedo o fato de que há partes de obras ficcionais que parecem ser asseridas, argumento que esse fenômeno é mais restrito do que a literatura acerca do assunto estima. Posteriormente, discuto o lugar do ato de fazer ficção em uma taxonomia de forças ilocucionárias. Inicialmente, discuto o problema com teses que assumem que a caracterização intencional de fazer ficção é comprometida com uma leitura diretiva desta força ilocucionária. Em seguida, discuto a possibilidade de tomar ficção como um ato de fala declarativo. Argumento que, entretanto, fazer ficção se encaixa melhor em um modelo comunicativo e não institucional. Finalmente, proponho uma caracterização da classe de constativos como composta por forças ilocucionárias com o mesmo tipo de condições de correção. Assumo que fazer ficção naturalmente se encaixa nessa categoria, dado que o tipo de imaginação exigido pela ficção tem um comportamento similar ao comportamento de crenças.
 

Data da defesa: 
quarta-feira, 30 Outubro, 2024 - 09:00
Membros da Banca: 
Prof. Dr. Marco Antonio Caron Ruffino (Presidente) (Orientador) Instituição de Origem: IFCH/ UNICAMP
Dr. Ludovic Soutif Instituição de Origem: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro /Rio de Janeiro
Dr. Ernesto Perini Frizzera da Mota Santos Instituição de Origem: Universidade Federal de Minas Gerais - Campus Pampulha /Belo Horizonte
Dr. Manuel García-Carpintero Instituição de Origem: Universidad de Barcelona
Dr. Dirk Greimann Instituição de Origem: Universidade Federal Fluminense /Niterói
Professores Suplentes: Dra. Eduarda Calado Barbosa Abath Instituição de Origem: Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas - CONICET /Buenos aires
Dr. Emiliano Boccardi Instituição de Origem: Universidade Federal da Bahia /Salvador
Dr. Filipe Martone de Faria Instituição de Origem: Unicamp - Universidade Estadual de Campinas /Campinas
Programa: 
Nome do Aluno: 
Iago Mello Batistela
Sala da defesa: 
CLE/UNICAMP