ENTRE TERRAS E TERRITÓRIOS Luta na/pela terra, dinâmica e (re)configurações territoriais em Bom Jesus da Lapa (BA)

A tese apresenta reflexões de pesquisa sobre camponeses baianos – em sua expressiva diversidade – suas dinâmicas e reconfigurações territoriais, notadamente no município de Bom Jesus da Lapa (BA). A pesquisa tem o objetivo de compreender os processos socioterritoriais, identitários e classificatórios que permitiram a reconfiguração territorial de antigas fazendas de gado no Velho Chico em um “mosaico” de formas espaciais (acampamentos, assentamentos, quilombos e áreas de posseiros). Esta pesquisa encontra consonância nos estudos recentes sobre a diversidade dos camponeses no Brasil, quando se ampliam às investigações sobre os sujeitos sociais no campo brasileiro, articulando a relação entre diversidade de sujeitos e universalidade da questão agrária brasileira. Neste sentido, partiu-se para a leitura da realidade tendo como eixo base de análise a manifestação e permanência da questão agrária no País, aqui entendida como um conjunto de feixes das forças sociais que configuram o campo brasileiro. A partir da realidade da Fazenda Curralinho, registrada em 1735, temos a articulação de três grandes conceitos: o conceito de experiência, para atentar às relações de produção e vivência dos sujeitos e grupos sociais; memória e identidade, conformadas na experiência e são substratos da vida em sociedade; e dessas a constituição de múltiplas territorialidades, subjacentes à ação humana. O que se pode revelar é que as relações de dependência no interior da Fazenda Curralinho duraram até a década de 1970/1980, quando ao ser desmembrado desarticulou a relação de dependência, ensejando novas formas de relação social e, as resistências cotidianas se tornaram resistências públicas, com um caráter contestatório eminentemente territorial. Favorecidos pelo crescimento da bandeira da “reforma agrária” dos anos de 1980, os antigos agregados conseguiram construir uma ponte entre a situação de conflito e a bandeira da luta pela terra, permitindo inserir-se na construção do Movimento CETA, da Conaq em Bom Jesus da Lapa e da Central Regional Quilombola, todos estes movimentos tiveram a assessoria da Comissão Pastoral da Terra. Foi nessa conjuntura que se permitiu que nas terras da antiga fazenda de gado pudesse se configurar um território diverso, expressando a multiplicidade de sujeitos sociais do campo. Ademais, o que se consegue compreender é que a dinâmica das classificações e identidades sociais e étnicas está atreladas a inserção dos grupos sociais em escalas mais amplas, isto é, para além do local onde à luta na/pela terra e por territórios se expressam. A pesquisa foi realizada com uma longa pesquisa bibliográfica, documental, cartográfica e um intenso trabalho de campo, tendo a pesquisa participante e a etnografia como base teórico-metodológica.

Data da defesa: 
quinta-feira, 30 Março, 2017 - 17:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Sônia Maria Pessoa Pereira Bergamasco Presidente UNICAMP
Prof. Dr. Fernando Antonio Lourenço Membro UNICAMP
Prof. Dr. José Maurício Paiva Andion Arruti Membro UNICAMP
Prof. Dr. Lourival de Moraes Fidelis Membro UFPR
Profa. Dra. Guiomar Inez Germani Membro UFBA
Profa. Dra. Julieta Teresa Aier de Oliveira Suplente UNICAMP
Profa. Dra. Vanilde Ferreira de Souza-Esquerdo Suplente UNICAMP
Prof. Dr. Henrique Carmona Duval Suplente UFSCAR
Nome do Aluno: 
Tiago Rodrigues Santos
Sala da defesa: 
Sala da Congregação