Emigração venezuelana: contexto interno para o êxodo da população.

Há vinte anos, acontece gradualmente na Venezuela um detrimento significativo dos serviços básicos, do sistema de saúde e educativo, um alto custo dos produtos básicos de consumo e insumos médicos, um aumento significativo da violência e da insegurança, um sistema de transporte público deficiente e um quadro institucional corroído pelos interesses da política partidária (PONT, 2018; BRICEÑO-LEON; CAMARDIEL, 2018). Não se pretende a partir das causas mencionadas explicar o fenômeno em sua totalidade, mas explicar como o fenômeno migratório venezuelano adquire um caráter massivo em um curto período de tempo (GANDINI; PRIETO; LOZANO-ASCENCIO, 2020) devido a um acúmulo de eventos que deterioraram as condições em que ocorre o cotidiano de uma pessoa (MCADAM, 2014). A contribuição deste trabalho será ajudar a contextualizar a migração venezuelana do país de origem para explicá-la nos locais de destino. Dentro dessa contextualização, espera-se explicar como algumas causas de natureza político-ideológica contribuíram para a deterioração da economia e, por sua vez, dos meios que ajudam a preservar a vida das pessoas, que considera aspectos como alimentação, saúde, segurança e a educação. Alguns autores apontam o período 2015-2016 como o início da migração em massa da Venezuela, devido aos altos níveis de pobreza que afetaram mais da metade da população, hiperinflação, insegurança alimentar, as condições do sistema de saúde e o colapso da institucionalidade ( GANDINI; PRIETO; LOZANO-ASCENCIO, 2019; FREITEZ, 2019). Isso implicou uma mudança na direção do fluxo migratório, que passa do rumo ao norte global para o cone sul. Sendo os dois países fronteiriços: Colômbia e Brasil, os primeiros que começaram a receber um contingente significativo de venezuelanos em pouco tempo. O fenômeno então se espalha para o restante dos países do cone sul: Equador, Peru, Chile e Argentina (GANDINI; PRIETO; LOZANO-ASCENCIO, 2019).