Elena Garro: uma intelectual e seus combates. Periodismo, literatura e política no México contemporâneo (1952-1968)

O trabalho analisa a produção periodística e literária da escritora mexicana Elena Garro (1916-1998), entre os anos 1952 e 1968 - período marcado pelo crescente autoritarismo estatal, cujo ápice foi o Massacre de Tlatelolco. Durante esses dezessete anos, Garro reside no México e escreve a maior parte de sua obra literária e jornalística, em profundo diálogo com os debates políticos da época. Publicando doze peças de teatro, quatro novelas e uma coletânea de contos, além de colaborar com inúmeros periódicos - sendo os principais Novedades, Presente!, Siempre!, Sucesos [para todos], ¿Por qué?, Revista de América, Revista Mexicana de Literatura -, a autora acumula um grande volume de trabalhos que marcam sua entrada no mundo dos intelectuais e seu reconhecimento como literata. A partir do cruzamento de fontes ficcionais e não-ficcionais de Elena Garro, que circularam em livros, jornais e revistas, buscou-se compreender os principais temas e argumentos de seus textos, quem eram seu interlocutores e qual o seu lugar no debate público mexicano em meados do século XX. Por meio de suas publicações e das reverberações destas na esfera pública, procurou-se mapear - para além da imagem mais ou menos consensual de que foi uma escritora de qualidade - como Elena Garro foi conhecida e se chegou a tornar-se uma representante das ideias de reavaliação da Revolução Mexicana e pautas políticas e sociais. Com especial destaque, discutimos a forma como passado e presente são mobilizados pela intelectual para ler processos históricos e interpretar sua realidade, durante as décadas de 1950 e 1960.