O objetivo desta tese de doutorado é compreender o projeto religioso das Filhas de Maria Auxiliadora para o Brasil durante a Primeira República, desde o ano de sua instalação (1892) até o marco da reaproximação entre Estado e Igreja Católica, a Constituição de 1934. A análise centra-se na atuação das salesianas na província de São Paulo, núcleo de expansão da obra no país. Buscamos compreender as transformações nas relações entre Estado e Igreja no contexto republicano, as motivações que atraíram as religiosas para o Brasil, além de conhecer as particularidades da educação salesiana, por meio do Sistema Preventivo. Sob os olhos da História Cultural, procuramos conhecer as adaptações necessárias das práticas educativas salesianas femininas ao contexto brasileiro, conhecendo os espaços, materiais e formas de educar as meninas. Dentro de um projeto de laicização aparente, que garantiu a manutenção da força da Igreja Católica nas práticas cotidianas, as salesianas tornaram-se um instrumento de manutenção da ordem e da moral tradicional, educando meninas de classes médias e altas que deveriam se tornar as formadoras da nova nação. Competindo com a co-educação e com os ideais modernizantes da educação pública e protestantes, elas se transformaram em redutos da formação cristã, revisando sua forma de agir com as crianças pobres e órfãs ao projeto de educação das elites da República.
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