ECI ACETUKO” UM PROTESTANTISMO NA CONTRAMÃO HISTÓRICA NO SUL ANGOLANO: O CASO DA IGREJA EVANGÉLICA SINODAL DE ANGOLA - IESA (1943 – 1979)

Nosso trabalho se insere no campo da história social, com ele procuramos descortinar o papel do protestantismo - de forma geral- , e em particular da Igreja Evangélica Sinodal de Angola - IESA, na formação da subjetividade dos Ovimbundu, situados a Sul de Angola entre 1943 à 1979. Conforme veremos ao longo da nossa dissertação, há nos ovimbundu do sul angolano, um imaginário de pertencimento construído ao redor desta instituição e de seus membros que os difere das demais instituições protestantes. Assim, descobrir que imaginário é este e os processos atinentes à construção deste imaginário que possibilitou a IESA a ocupar um status privilegiado no contexto angolano se constitui numa das razões que nos levaram a escrever a presente dissertação. Como forma metodológica em nosso trabalho partimos da hipótese de que a IESA ajudou para a formação étnica identitária dos ovimbundo no processo de independência, e nossa tese é que este processo identitário foi criado numa situação de tensão nas disputas de identidades promovidas entre o regime colonial e as sociedades nativas. O presente trabalho foi, como dissemos, desta forma, escrito também pensando em descortinar estes desafios e tensões apresentados pelo discurso colonial impregnados na narrativa sobre o protestantismo em Angola. E para melhor análise dividimos nossa dissertação em 4 capítulos sendo que no primeiro procuramos contextualizar o universo no qual se encontra inserida a Igreja Evangélica Sinodal de Angola – IESA, isto é, o sul e sudoeste angolano. Com este capítulo temos a pretensão de demonstrar um universo em que as ambiguidades é uma marca presente quer na concepção étnica quanto na ideia de pertencimento a um dado grupo ou instituição. No segundo capítulo, direcionamos nosso esforço em descrever a inserção do protestantismo da IESA neste universo, com ele queremos revitalizar um tema bastante estudado na historiografia angolana. Porém ao focalizarmos na IESA e no sudoeste angolano queremos nos esquivar das narrativas dominantes de um protestantismo homogêneo e dócil, entre os ovimbundo. E de um espaço missional sem ambiguidades de resistências. No terceiro capítulo procuramos analisar a questão da ancestralidade e assim discutirmos os processos pelo qual se davam as negociações. Através dele optamos em fazer uma descrição narrativa da história de meus ancestrais e sua relação com cristianismo, isto suscitou trabalharmos igualmente a questão atinente à relação estabelecida entre espíritos e guerras, onde fazemos um estudo de caso, partindo da trajetória de vida da minha mãe. Com ele pretendemos amarrar todos capítulos anteriormente dissertados e demonstrar - através da agencia dos espíritos - a falência da análise dicotómica/binária, moderno versus o tradicional. Finalmente terminamos nossa dissertação com o capítulo 4 onde apresentamos a trajetória de vida de minha família como um todo em relação ao pertencimento à Igreja Evangélica Sinodal de Angola-IESA. Nele pretendemos compreender como se dá o processo de pertencimento dos nativos ao protestantismo e desta forma ultrapassar a discussão relativa ao binarismo: o imperialista (cristianismo) destruidor versus a tolerante (ingênua) comunidade de vítimas (ignorantes).

Data da defesa: 
sexta-feira, 24 Fevereiro, 2023 - 14:00
Membros da Banca: 
Omar Ribeiro Thomaz - Presidente (UNICAMP)
Raquel Gryszczenko Alves Gomes (UNICAMP)
Fábio Baqueiro Figueiredo (UFBA)
Programa: 
Nome do Aluno: 
Emiliano Jamba António João
Sala da defesa: 
Sala LabMet 1 - IFCH - UNICAMP