Dinâmica socioespacial e centralidades metropolitanas: uma abordagem a partir da pendularidade laboral na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

As transformações espaciais reforçam as desigualdades e fragmentam as metrópoles. A “metrópole fordista” se transforma em “metrópole contemporânea”, e é nesse contexto que a sociedade pós-industrial, em tempos de acumulação flexível, convive com uma estrutura econômica em que a divisão internacional do trabalho é gerida por grandes grupos econômicos, capazes de conduzir seus interesses produtivos para diversos países. Os arranjos espaciais surgem para atender a concorrência pelo investimento e para atrair fluxos de produção, financeiro e de consumo. Essa é a metropolização que avança no século XXI, com nexos próprios entre a financeirização global e os arranjos específicos de configuração das cidades cuja produção do espaço atende ao paradigma da lógica especulativa mercantil, que, por sua vez, adequa-se à mundialização dos parâmetros impostos pela acumulação. No Brasil, a desigualdade social está expressa no padrão de segregação e fragmentação socioespacial. Diante da distribuição desigual dos custos e benefícios da urbanização no espaço metropolitano, as desigualdades afetam a qualidade da participação das pessoas no espaço urbano. As Regiões Metropolitanas (RM) de todo o Brasil vêm passando por uma reestruturação fundamentada na dispersão metropolitana e na reconfiguração dos centros, dispersão que consiste na distensão da área metropolitana e ampliação da intensidade dos fluxos intrametropolitanos. O problema tangente a esse processo é a expansão territorial com distanciamento entre os espaços residenciais da população de baixa renda e o centro metropolitano tradicional, um processo de periferização da população mais pobre que aumenta a incompatibilidade espacial entre o local de moradia e o local de trabalho, confirmando a Spatial Mismatch Hypothesis (KAIN, 1992). A concepção de centralidade nesse contexto está inserida na discussão da produção do espaço e articula as tendências das relações territoriais, econômicas e sociais. As transformações espaciais promovidas pelos processos de urbanização e metropolização impactam as práticas socioespaciais e, nesse sentido, a condição de centralidade de um determinado espaço também se modifica, (LIMONAD; COSTA, 2015). Esta pesquisa analisa as centralidades estabelecidas no interior da região metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) mediante a dinamização de novos polos produtivos, cenário no qual a pendularidade se revelou um indício empírico fundamental. Nessa perspectiva, a pesquisa circunscreve a análise da configuração socioespacial da RMRJ segundo a abordagem dos deslocamentos pendulares intrametropolitanos dos trabalhadores nos anos 2000 e 2010. A hipótese é que a pendularidade pode ser utilizada como um indicador da incompatibilidade espacial, isto é, uma resposta e um reflexo da produção do espaço urbano no qual as desigualdades territoriais se desenham. Os objetivos desta pesquisa foram alcançados por meio da análise da distribuição espacial da população através do estudo da “última etapa” da migração, com os dados do Censo de 2010, da criação de sub-regiões na RMRJ, do estudo comparativo da pendularidade intrametropolitana realizada exclusivamente por trabalhadores nos anos 2000 e 2010 e da relação de integração e complementaridade estabelecida na região. Novas centralidades metropolitanas foram identificadas no extremo Oeste e no Leste metropolitano diante da recomposição territorial de polos produtivos e da convergência dos fluxos pendulares.

Data da defesa: 
quarta-feira, 6 Abril, 2022 - 09:00
Membros da Banca: 
Prof. Dr. José Marcos Pinto da Cunha (Presidente) (Orientador)
Profa. Dra. Rosana Aparecida Baeninger (IFCH/UNICAMP) - Membra Titular
Prof. Dr. Alberto Augusto Eichman Jakob (REIT/UNICAMP) - Membro Titular
Dra. Érica Tavares da Silva Rocha (UFF) - Membra Titular
Dr. Cesar Augusto Marques da Silva (ENCE) - Membro Titular
Profa. Dra. Glaucia dos Santos Marcondes (REIT/UNICAMP) - Membro Suplente
Profa. Dra. Joice Melo Vieira (IFCH/UNICAMP) - Membra Suplente
Dr. Wilson Fusco (FUNDAJ) - Membro Suplente
Programa: 
Nome do Aluno: 
Vivian Alves da Costa Rangel Gomes
Sala da defesa: 
Integralmente à distância