Esta pesquisa consiste em demonstrar a influência da filosofia de Johann Nicolaus Tetens sob a dedução transcendental das categorias de Kant, especificamente na primeira edição da Crítica da Razão Pura . Esta tese parte da ideia de que Kant já em 1781 desenvolve uma teoria dos juízos. Simultaneamente, porém, ele desenvolve uma deduçãodenominada, por ele próprio, como subjetiva, apropriando-se de elementos articulados por um contemporâneo seu chamado Johann Nicolaus Tetens, em cuja obra Versuche, de 1777, propõe desenvolver um método observacional e introspectivo pautado pela psicologia empírica a fim de investigar as faculdades cognitivas sob as quais se assentaria o entendimento humano. Partindo daí, Tetens procura resolver uma questão que era também comum a Kant: aquela sobre a relação entre representação e objeto. De maneira semelhante a Kant, Tetens buscava um método para se chegar à universalidade e a validade objetiva das representações numa tentativa de resolver a desconfiança que pairava sob a metafísica. Defendemos nesta tese que os elementos que Tetens utiliza na constituição de seu método foram apropriados por Kant e que estes aparecerão no desenvolvimento do que foi denominado: dedução subjetiva. Isso caracteriza a marcante influência de Tetens na constituição da dedução transcendental kantiana e, consequentemente, a presença nesta de elementos psicológicos; os quais implicam em limitações e em problemas interpretativos à reflexão de Kant, decorrentes dessa apropriação. Num primeiro momento apresentamos as nuances que a psicologia empírica possui em Kant, e como essa é entendida aos moldes de Wolff e Baumgarten, mas a qual sofrerá um impacto a partir do contato com Tetens. Ao demonstrar essa influência, começamos por delimitá-la na dedução subjetiva em 1781. Delimitar é um ponto chave, pois, demonstraremos que apesar dessa influência ser verificada, ela limita-se a dedução subjetiva, visto que esta pesquisa defende que Kant desenvolve uma teoria dos juízos, uma filosofia transcendental, e não uma psicologia empírica ou transcendental. Em um segundo momento, demonstraremos de forma exegética a filosofia de Tetens e, diferentemente do que alguns comentadores sustentam, demonstraremos, de maneira contrária, que Tetens não poderia oferecer a Kant subsídios para uma psicologia transcendental. Apontamos aí um critério interpretativo difícil de ser sustentado, pois a análise da influência de Tetens sobre Kant é sempre feita pelo caminho oposto, como se Kant viesse primeiro. Sustentamos que a análise deveria partir da relevância de Tetens para Kant, e não o contrário. Dessa forma, poderemos demonstrar que, apesar dos elementos apropriados por Kant; nenhum dos dois, nem Tetens, ou Kant, estariam desenvolvendo uma psicologia transcendental. Por fim, nossa tarefa derradeira nesta exposição, mostrará que, apesar da psicologia limitar-se à dedução subjetiva e não ter primazia no método kantiano, ela não sai totalmente de cena e não se encerrada aí. Destacaremos indícios de uma retomada destes elementos por Kant no Opus Postumum, com esta exposição final acreditamos ser possível demonstrar se de fato a influência de Tetens resumiu-se a edição de 1781 ou se ela estendeu-se até o Opus Postumum caracterizando assim não só um retorno a Tetens, como a reavaliação do campo psicológico na tentativa de concluir seu sistema.
Defesa de Doutorado de Andre Renato de Oliveira
Data da defesa:
quarta-feira, 19 Junho, 2019 - 17:30
Membros da Banca:
Presidente Prof. Dr. Daniel Omar Perez IFCH / UNICAMP
Membros Titulares Prof. Dr. Saulo de Freitas Araújo (UFJF)
Dr. Oswaldo Giacoia Junior (Unicamp)
Dr. Olavo Calabria Pimenta (UFU)
Dr. Jorge Vanderlei Costa da Conceição (Unicamp)
Membros Suplentes Dr. Eneias Junior Forlin (IFCH/Unicamp)
Dr. Luiz Benedicto Lacerda Orlandi (IFCH/Unicamp)
Dr. Alexandre Hahn (UnB)
Programa:
Nome do Aluno:
Andre Renato de Oliveira
Sala da defesa:
Sala de Defesa de Teses 1