CRÍTICA AO CAPITALISMO DESENVOLVIMENTISTA

As duas últimas décadas do século XX já indicavam os desafios que rapidamente se aproximavam. O capitalismo liberal dominava, novamente, a agenda de quase todos os governos. Consumismo e produtivismo, há muito tempo, provocavam graves alterações climáticas e ambientais. Em outro espectro político, apresentava-se no Brasil, como solução, o capitalismo desenvolvimentista, porém agora, segundo Alves (2014), sustentado no fortalecimento de empresas privadas nacionais, que tiveram grande apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); nos programas de investimento público, que possibilitavam que essas empresas diminuíssem seus custos e aumentassem sua competitividade, nacionalmente (inclusive fortalecendo monopólios e oligopólios), mas, em especial, internacionalmente; e, finalmente, em programas de transferência de renda, aquecendo, com isso, o mercado interno de consumo em massa. O programa Bolsa Família foi o que mais se destacou. Após mais de uma década seguindo orientação de cunho neoliberal (década de 1990), outra proposta chega ao poder com a ascensão do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência da república, sendo, nesse momento, reapresentado ao povo brasileiro um projeto orientado por diretrizes desenvolvimentistas, porém, agora sob uma nova roupagem, rebatizado por alguns intelectuais de neodesenvolvimentismo. O investimento governamental em projetos de infraestrutura, logística e geração de energia, em especial, impulsionando a viabilidade de projetos econômicos, commodities como primazia, compuseram, em linhas gerais, a essência desse “novo desenvolvimentismo”. A Amazônia como principal locus destes observados projetos de infraestrutura (principalmente aqueles vinculados ao transporte e armazenamento de cargas e a expansão da oferta de energia) e dos megaprojetos de exploração econômica dos bens naturais (em especial mineração, agropecuária, petróleo e gás), apresentava os elementos base para a implementação das propostas desenvolvimentistas no Brasil. Porém, a pergunta era: o arcabouço teórico-metodológico proposto pelo capitalismo desenvolvimentista, no século XXI, apresentava elementos que indicavam, de fato, alguma possibilidade de superação nos limites e problemas identificados em relação à violação de direitos e a degradação cultural e socioambiental, sofrida tanto por seres humanos, quanto pela natureza, na amazônia brasileira? A investigação bibliográfica e documental, sustentada pelo estudo de caso da Usina hidrelétrica de Belo Monte, obra símbolo do capitalismo desenvolvimentista na Amazônia, neste século, mostrou que, tendo renunciado a luta política pelo deslocamento do eixo do poder, o capitalismo desenvolvimentista, no século XXI, resignou-se, mantendo as desigualdades, administrando as estruturas e reafirmando o projeto histórico das elites nacionais (e globais). À maior parte da sociedade, assim como à natureza, restou a continuidade de um paradigma que concentra capital e explora intensivamente os bens naturais. Não apresentando nenhuma indicação no que se refere a superação dos seus limites, segue impactando diretamente os povos da Amazônia, com violação de direitos e degradação ecológica, ampliando tanto a crise climática, quanto a ambiental. Porém, as consequências destas crises não esbarram em fronteiras, espraiando-se por todo o planeta. A urgência de outros paradigmas se faz, como nunca antes, presente. Este é o grande desafio da humanidade no início do século XXI.

Data da defesa: 
quarta-feira, 20 Dezembro, 2023 - 14:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Marilda Aparecida de Menezes - Presidente
Profa. Dra. Thais Tartalha do Nascimento Lombardi - Titular
Profa. Dra. Sônia Maria Simões Barbosa Magalhães Santos - Titular
Prof. Dr. Gilberto de Souza Marques - Titular
Prof. Dr. Juarez Carlos Brito Pezzuti - Titular
Profa. Dra. Vanilde Ferreira de Souza Esquerdo - Suplente
Profa. Dra. Cilene Sebastiana da Conceição Braga - Suplente
Prof. Dr. Gustavo Goulart Moreira Moura - Suplente
Nome do Aluno: 
Dion Marcio Carválo Monteiro
Sala da defesa: 
Sala de Projeção