A constituição entitativo-modal do existente finito em João Duns Scotus

O conceito de existente, em Duns Scotus, resulta de um complexo de objetos formais ou formalidades, que se determinam em sua relação com o intelecto que conhece. Em si mesmo tal conceito não é inteligível senão abstratamente, não como existe, uma vez que o intelecto se divide num conhecimento abstrativo da essência e intuitivo da existência, este ainda restrito à simples presença do objeto. Que o existente individual tenha um conceito absolutamente simples, permanece como um postulado e a estrutura conceitual que o intelecto monta para conhecê-lo reflete também sua relação com esse termo último entendido enquanto diferença apenas, com a qual ele se comunica. Nesse extremo de sua compreensão, persiste então uma analogia entre os próprios conceitos absolutamente simples do existente por si, ainda que formalmente superada pela univocidade. A investigação que se propõe, então, nesse trabalho de doutoramento, tem por tema a constituição do existente finito como é entendida a partir da relação intelectiva primeira entre essência e existência. Ela parte, por isso, de dois pressupostos: primeiramente, pela impossibilidade de qualquer conhecimento que seja propter quid, da causa primeira para o efeito, a única via metafísica para o conhecimento é o sujeito que conhece sob o estado “passageiro”, ou seja, sob as condições do que Scotus chama “intelecto viandante”. Essas condições são suficientes tanto para a diferença que se interpõe entre essência e existência e que divide ambos os modos de conhecimento intelectual, quanto para a explicação do caráter contingencial da existência. Nesse sentido, Scotus é totalmente coerente com o âmbito metodológico metafísico e com seu sujeito. Em segundo lugar, tanto as condições de possibilidade, consequentes com a contingencialidade da existência, quanto a virtualidade de seu conhecimento em sua forma existente, são investigadas em seu caráter apriorístico, não a partir de suas condições idealiter, mas em suas relações com o intelecto que conhece. Por essa via intelectivo-distintiva, expõe-se a estrutura de determinação da existência e o modo como seus constitutos se integram até à diferença última, em sua relação com os fundamentos objetivos de natureza que se individua como supôsito. Nesse ponto, a análise formal confronta-se também com seus limites, principalmente na relação entre diferença específica e diferença última. A complementariedade modal à constituição formal do existente em sua individualidade e a necessidade de sua contingência surgem, por fim, com mais clareza em sua pertinência teórica e histórica.

Data da defesa: 
quarta-feira, 14 Agosto, 2024 - 16:00
Membros da Banca: 
Prof. Dr. Marcio Augusto Damin Custodio (Presidente) (Orientador) Instituição de Origem: IFCH/ UNICAMP
Dr. Tadeu Mazzola Verza Instituição de Origem: Universidade Federal de Minas Gerais /Belo Horizonte
Profa. Dra. Fátima Regina Rodrigues Évora Instituição de Origem: IFCH/ UNICAMP
Dr. Matheus Barreto Pazos de Oliveira Instituição de Origem: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia /Amargosa
Dr. Giorgio Gonçalves Ferreira Instituição de Origem: Universidade do Estado da Bahia /Salvador
Profa. Dra. Monique Hulshof Instituição de Origem: IFCH/ UNICAMP
Dr. Evaniel Brás dos Santos Instituição de Origem: Universidade Federal de Sergipe,
Dr. José Antonio Martins Instituição de Origem: PADTEC /Campinas
Programa: 
Nome do Aluno: 
Bruno Carvalheiro Reiser
Sala da defesa: 
Sala de Defesas de Teses I