Compensações Ecológicas na República Popular da China: Rumo a uma Civilização Ecológica?

As mudanças ambientais globais resultantes das atividades humanas afetam de forma desigual as sociedades do Norte e do Sul Global, o que torna necessário analisar oportunidades e ameaças de estratégias de adaptação em conformidade. As rápidas mudanças econômicas e culturais que a China, o país mais populoso do mundo, sofreu no século XX, levaram a muitos problemas ambientais aos quais sua liderança política respondeu em 2007 adaptando a "Construção de uma Civilização Ecológica" como uma visão utópica a ser alcançada até 2049. Desde que o presidente Xi Jinping tomou posse em 2013, a estrutura política também tem guiado a abordagem do país na integração do desenvolvimento urbano e da gestão ecológica, em uma nova etapa de implementação de políticas ambientais prioritárias avançadas e, desde 2017, sua internacionalização na governança ambiental global. As compensações ecológicas estão entre essas ferramentas de mitigação de riscos e financiamento climático que oferecem uma abordagem inovadora para a integração da conservação e modernização, particularmente nas cidades chinesas em rápido crescimento. Nesta tese, defendo que a Eco-Civilização da China oferece um paralelo (não ocidental) com o conceito de metamorfose de Beck, pois a lógica de interação social é fundamentalmente alterada diante dos riscos ambientais globais. Explorando a compensação ecológica e o comércio internacional de uma perspectiva multinível, esta tese fornece algumas evidências para a metamorfose sob a Eco Civilização. Desafiando algumas das concepções ocidentais dominantes sobre a conservação da natureza, a  abordagem da China defendeu internamente um forte papel de coordenação com o estado central para construir esta utopia ecológica de harmonia entre o homem e a natureza. Em uma exploração empírica da ciência, notícias e documentos políticos chineses, o conflito entre os diferentes usos da terra é destacado no estudo de caso local da cidade de Chongqing, no sudoeste do país. Seguindo as suposições teóricas de Beck, isto é seguido por uma análise das estruturas de governança ambiental da China e uma discussão sobre os papéis das cidades como atores políticos no processo de metamorfose em Chongqing. As consequências além das fronteiras da China são discutidas nos capítulos cinco e seis, sugerindo que a Eco-Civilização representa uma excelente base para a implementação de eco-compensações na cooperação Sul-Sul entre países biodiversificados. Concluímos destacando algumas das contribuições teóricas que uma abordagem mais pluralizada da ascensão ambiental da China poderia trazer à sociologia ambiental e às políticas ambientais no Brasil.

 

Data da defesa: 
quarta-feira, 14 Junho, 2023 - 14:00
Membros da Banca: 
Mateus Batistella – Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (Titular)
Roberto Pereira Guimarães - Organização das Nações Unidas - ONU (Titular)
Annah Lake Zhu – Wageningen University & Research (Titular)
Ramon Felipe Bicudo da Silva – Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (Titular)
Fabiana Barbi Seleguim - Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (Suplente)
Mariana Hase Ueta - Pesquisador sem vínculo (Suplente)
Juliet Lu - University of British Columbia (Suplente)
Nome do Aluno: 
Niklas Werner Weins
Sala da defesa: 
Auditório Daniel Hogan, Nepam