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Paradoxografia. A História Natural da História da Arte.

Conhecida como a enciclopédia do mundo antigo, a História Natural (77a.C.), obra de Plínio, o Velho, encerra em seus últimos livros nossa mais antiga referência de história da arte. Nesse sentido, destaca-se o Livro 35 (“da pintura”) como seu núcleo crítico: por sua extensão e organização, mas, principalmente, pela questão que se abre entre a perda inelutável das suas pinturas e a incalculável e variada série de recorrências que estas mesmas obtiveram ao longo da história da arte (entre artistas, obras, historiadores, críticos e teóricos). Logo, partindo da manifesta disjunção que o caracteriza entre a abrangência de sua repercussão no pensamento artístico e os graus de desconhecimento visual das obras comentadas, nossa hipótese é a de que é possível identificar no texto pliniano certa ancestralidade constitutiva de toda uma tradição historiográfica. A saber: a de que a arte pode ser compreendida pelos efeitos que produz, por uma particular efetividade, talvez até a guardar alguma independência da peça existente. Então, e justamente através do criticado estilo literário pliniano composto por anedotas, o objetivo consiste em aclarar a importância deste anedotar como construção estrutural de uma categoria crítica transtemporal, não só passível de reconhecimento como também de fundamentação teórica. Para tanto, revisamos a sua fortuna crítica encaminhando as recorrências ao âmbito de uma discussão estética na Antiguidade. Fazemos isso relacionando os mais recentes trabalhos internacionais acerca de Plínio e sua obra, bem como trabalhando a fundo as já incontroversas afinidades de seu pensamento com a filosofia estoica. Todavia, sem com isto caracterizar um trabalho de viés filológico mas, antes e somente, de história da crítica de arte. Em outras palavras, trabalho mais de interlocução de questões artísticas antigas e contemporâneas do que de tradução ou reinterpretação de textos, obras, fragmentos ou vestígios. Portanto, o que importa são as relações possíveis abertas pelo texto pliniano com as reflexões artísticas historiografadas. Dado isso, configura-se a “paradoxografia” que intitula a pesquisa: referência ao gênero antigo de relacionar os disjuntos e de explanar ou historiar o inexistente.

Data da defesa: 
sexta-feira, 29 Março, 2019 - 17:00
Membros da Banca: 
Luiz Cesar Marques Filho - UNICAMP (Presidente)
Alexandre Ragazzi - UERJ
Claudia Valladão de Mattos Avolese - UNICAMP
Aldo Lopes Dinucci - UFS
Cassio da Silva Fernandes - UNIFESP
Programa: 
Nome do Aluno: 
Antonio Leandro Gomes de Souza Barros
Sala da defesa: 
Auditório I - Prédio da Graduação - IFCH/UNICAMP
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