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Fecundidade e Pareamento Educacional no Brasil: um estudo de coorte

O Brasil observou ao longo das décadas de 1960 a 2000 uma grande queda das suas taxas de fecundidade de período, guiadas pelo aumento do controle reprodutivo de mulheres casadas e de grupos sociais de escolaridade mais baixa. Concomitante à queda da fecundidade o país passou por uma diversidade de mudanças sociodemográficas de cunho cultural e estrutural, dentre as quais destacam-se a expansão do ensino, o aumento da participação feminina no mercado de trabalho e mudanças nas relações de gênero. As mudanças de cunho estrutural, por sua vez, incorreram em transformações nos padrões de seletividade marital do país, resultado no aumento da heterogeneidade das relações de nupcialidade entre grupos com diferentes níveis de escolaridade. As mudanças socioeconômicas do país refletiram diretamente o perfil desigual de desenvolvimento do país por Regiões e grupos socioeconômicos. O presente trabalho buscou analisar a transição da fecundidade Brasileira a partir da variável de escolaridade por meio de um estudo de coorte, inserindo as características masculinas como parte da avaliação do resultado reprodutivo final dos casais. Adotou-se a análise de coorte devido à escassez de análises do tipo para o Brasil e como forma de evitar necessidades de correções de nível e de efeito tempo. A inserção do homem como ator ativo no processo reprodutivo atende à necessidade de endereçamento do universo masculino enquanto parte do processo de tomada de decisão reprodutiva do casal. Assim, o objetivo do trabalho é avaliar como se dá a influência da escolaridade masculina ao longo das coortes de mulheres e dos níveis de escolaridade femininos, além de verificar as diferenças de resultado reprodutivo entre os arranjos heterogâmicos e homogâmicos. Verificou-se que, de fato, a escolaridade masculina atua na fecundidade de coorte, sobretudo para as coortes mais velhas e para os níveis de escolaridade menos elevados. Foi avaliado o processo de convergência de fecundidade que se destacou principalmente entre os grupos de escolaridade mais baixa. Por fim, verificou-se que os arranjos com vantagem educacional masculina (hipergâmicos) apresentam um patamar reprodutivo mais elevado que os arranjos hipogâmicos. Buscou-se evidenciar ainda as marcantes diferenças entre as Regiões Brasileiras, notadamente pela discrepância entre Norte-Nordeste e Centro-Sul. Esses resultados corroboram com a ideia de que o Brasil se encontra no meio de uma primeira fase da Revolução de Gênero, marcado pelo o aumento da participação feminina no mercado de trabalho.

Data da defesa: 
sexta-feira, 18 Janeiro, 2019 - 16:15
Membros da Banca: 
Prof. Dr. Everton Emanuel Campos de Lima (IFCH/UNICAMP) - Orientador
Profa. Dra. Ana Paula de Andrade Verona (CEDEPLAR) - Membro
Profa. Dra. Glaucia dos Santos Marcondes (IFCH/UNICAMP) - Membro
Profa. Dra. Maira Covre Sussai Soares (UERJ) - Suplente
Profa. Dra. Joice Melo Vieira (IFCH/UNICAMP) - Suplente
Programa: 
Nome do Aluno: 
José Henrique Costa Monteiro da Silva
Sala da defesa: 
NEPO
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