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UM PORTO À DERIVA: PROGRESSO E RUÍNA NAS NARRATIVAS FOTOGRÁFICAS DO PORTO DE ANTONINA (PR).

Distante apenas 80 quilômetros da capital paranaense, Antonina transmite a sensação de ser uma cidade suspensa no tempo. As ruínas do porto, outrora tido como um importante escoadouro de madeira e erva mate, já não se destacam no horizonte do conjunto urbano tombado desde 2012 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e a paisagem bucólica de tempos passados serve de convite a turistas de cidades próximas que movimentam a pacatez de suas ruas em feriados e finais de semana com os incansáveis olhos digitais de suas câmeras de celular. Congeladas no frame de uma fotografia, as águas da baía parecem elas mesmas fadadas à calmaria estanque do tempo que faz ruir sua paisagem envoltória numa marcha constante em direção à ruína, como um lento desenrolar que serve de inspiração ao presente estudo. À primeira vista parece simples determinar que o presente de Antonina é o passado, se deixando levar pelo bucolismo da paisagem fotografada e por documentos que reproduzem de maneira nostálgica, quase afetiva, informações cuja origem já não se delineia com facilidade. Assim, tomamos por objetivo matizar a mística da “fuga do tempo” para pensar a ruína não como condição estática, mas como um processo em andamento contínuo, no qual a ação do tempo ora se sobrepõe, ora é sobreposta por uma memória histórica que se torna presente em nosso tempo através do patrimônio. Diante da ausência de qualquer dos fantasmas do porto ou de seus trabalhadores nos registros até então aventados nos diversos arquivos e bibliotecas visitados ao longo da pesquisa, abraçar os registros fotográficos que surgiam como ilustrações dos discursos do capital industrial do período parecia uma escolha interessante no que toca a tecer as linhas com as quais seriam fiadas as narrativas de progresso e ruína do porto de Antonina. Em diversos aspectos, é possível notar que o fazer-se dessa colcha cosida com os retalhos fotográficos do porto é falho no sentido de representar pouco mais do que um apanhado, ou mesmo uma linha do tempo, das imagens fotográficas produzidas por, sobre e na cidade de Antonina, buscamos ancorar o trabalho metodologicamente à Cultura Visual na medida em que surgem, ora desconexas, as fontes do que construir um aporte metodológico mais sólido a partir do qual fosse possível mensurar não apenas as imagens, mas os objetos fotográficos que as contêm como partes desiguais, ainda que semelhantes em importância, na construção deste porto feito de não mais do que de rimas e velas.

Data da defesa: 
terça-feira, 4 Dezembro, 2018 - 16:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Cristina Meneguello (IFCH/UNICAMP) - Orientadora
Prof. Dr. Eduardo Augusto Costa (FAU/USP) - Membro
Profa. Dra. Aline Vieira de Carvalho (IFCH/UNICAMP) - Membro
Profa. Dra. Iara Lís Franco Schiavinatto (IFCH/UNICAMP) - Suplente
Prof. Dr. Charles Monteiro (PUCRS) - Suplente
Programa: 
Nome do Aluno: 
Juliana Regina Pereira
Sala da defesa: 
Auditório II
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