Mulheres sem filhos no Brasil: uma análise de características socioeconômicas e demográficas, razões e repercussões
Enviado por secr_pos_demografia em seg, 22/10/2018 - 10:44A ausência de filhos no Brasil cresceu em todos os grupos etários entre 1970 e 2010, principalmente entre as mulheres de 25 a 34 anos. Os efeitos da postergação da maternidade são sentidos nas medidas de período de fecundidade no país desde meados da década de 1990. Este trabalho tem três objetivos. O primeiro é explorar a relação entre a ausência de filhos e as características socioeconômicas e demográficas das mulheres que não têm filhos, definitiva ou temporariamente. O segundo é investigar as razões que fizeram com que estas mulheres deixassem de ter filhos ou adiassem o nascimento destes. O terceiro objetivo, por sua vez, é explorar as repercussões desta condição na vida dessas mulheres. Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizadas duas fontes de dados: os censos demográficos de 1970 a 2010 e a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de 2006. A metodologia aplicada para exploração de todos os objetivos foi análise descritiva dos dados e, exclusivamente para o primeiro, foram também aplicados modelos de regressão logística. Escolaridade, renda e situação marital são as características socioeconômicas e demográficas que se relacionam mais fortemente à ausência de filhos. Há uma forte indicação que de o avanço da escolaridade feminina vivenciado no Brasil entre 1970 e 2010 tenha uma estreita relação com o aumento da ausência de filhos no mesmo período. Estimou-se a ausência definitiva e involuntária de filhos por razões biológicas em 2% e a ausência voluntária de filhos num intervalo de 2% a 7,5% para as mulheres brasileiras em 2006. As razões mais comumente mencionadas pelas mulheres para não ter filhos antes dos 30 anos são “queria estudar/ter profissão”, “queria aproveitar a vida antes de ser mãe”, “não quis ter filhos” e “nunca se casou”. Por fim, a avaliação geral das mulheres brasileiras quanto à ausência de filhos é bastante positiva no Brasil, principalmente entre aquelas que apenas adiaram a maternidade para após os 30 anos de idade.