Barabada: uma arqueologia da vida e do fazer candomblé na prisão.
Enviado por secr_pos_csociais em qui, 06/09/2018 - 13:56Através da trajetória de vida de uma liderança religiosa do candomblé, o babalorixá Ricardo dos Santos Ferreira, também conhecido como Barabada – fundador do terreiro Ilê Axé Kô, localizado em São Cristóvão, região metropolitana de Salvador, esta tese visou compreender como se deu o fazer candomblé dentro da maior instituição penitenciária masculina do estado da Bahia – Penitenciária Lemos Brito (PLB), também localizada em Salvador, no bairro de Mata Escura. Uma penitenciária, que do ponto de vista religioso, encontra-se sob a forte influência e controle de grupos evangélicos que são, em sua maioria, avessos a manifestações religiosas de outras ordens devido ao grau de intensidade de intolerância religiosa que elas compartilham, e, em especial, com as religiões de matrizes afroindígenas. A seguinte pesquisa é um estudo compreensivo sobre a constituição biográfica de uma liderança religiosa que se encontra fora do eixo da classe média, e também do circuito do candomblé de Salvador, que veio se afirmar como o mais “tradicional”. Neste sentido, a trajetória de vida do babalorixá Barabada, homem negro, vindo de um ambiente social dos mais precários, revela o fazer candomblé como uma tática de sobrevivência e de cura em uma cidade tão desigual como Salvador. Por meio dessa trajetória de vida discute-se de maneira integrada, temas como o conceito de vida, interseccionalíssimo (raça, classe e gênero), construção de uma determinada masculinidade negra periférica. Assim como racismo, e o ainda colonialismo que se faz nos dias de hoje, mesmo após abolição da escravidão no Brasil, sobretudo para os que desde o nascimento são os não cidadãos ou refugiados do mundo.