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Estratégias de pequenos agricultores livres de cor perante a expansão dos engenhos de açúcar escravistas em Campinas: 1779- 1836.

A expulsão de pequenos agricultores na fronteira mercantil por grandes senhores escravistas, orientados para a exportação, é um tema clássico na historiografia brasileira. Mesmo assim, há poucos estudos de história social que procurem abordar a questão, e pouquíssimos que tentem enfocar a análise nas perspectivas e estratégias dos pequenos produtores. O presente trabalho tem como objetivo fazer isso, num estudo de caso centrado em Campinas, SP, na virada do século XVIII para o XIX. Utilizam-se na pesquisa os métodos da micro-história e a ligação nominativa de fontes, que permitem reconstruir as biografias de indivíduos e grupos de parentesco, para intuir suas estratégias econômicas e sociais.

A região de Campinas, chamada de Vila de São Carlos entre 1797 e 1842, passou por um crescimento muito rápido e intenso a partir das últimas décadas do século XVIII. A população livre, entre o período de 1789 e 1801, teve um crescimento impactante, em torno de 18% ao ano. Esse constante crescimento demográfico de Campinas sofreu uma alteração brusca no período entre 1814-1829. A população livre nesse período se manteve praticamente estagnada, revelando um cenário muito diferente do crescimento apresentado anos antes. A rápida expansão da produção de açúcar, concentrada em propriedades escravistas dedicadas a esse cultivo, indica que tais empresas agrícolas invadiram as terras de muitas famílias, ocasionando um amplo êxodo.

A presente pesquisa tem como objetivo estudar como se deram as relações entre os pequenos produtores livres, especialmente aqueles de cor, e a produção de açúcar que se expandia, buscando as estratégias traçadas por esses agricultores frente ao avanço dos engenhos e à perspectiva de terem suas terras “expropriadas” pelos senhores desses empreendimentos. Serão questionados os sentidos da pequena produção e de suas possibilidades de sobreviver e crescer em uma sociedade estruturada cada vez mais por uma economia de plantation. Para tal foi escolhido o período de 1779-1836, pois compreende o momento anterior à expansão da produção açucareira e se estende até o último recenseamento, quando a Vila de São Carlos já se apresentava como uma significativa exportadora de açúcar.

Foi utilizado o método de ligação nominativa de fontes, cuja proposta é seguir, ao longo dos anos e em todo tipo de documentação, os produtores de alimentos descritos como pardos nos recenseamentos para que se possam analisar as estratégias traçadas em momentos diferentes da expansão da produção de açúcar e as possibilidades de ascensão.

Data da defesa: 
sexta-feira, 21 Setembro, 2018 - 12:00
Membros da Banca: 
Robert Wayne Andrew Slenes - Presidente (UNICAMP)
Henrice Altink (University of York)
Carlos de Almeida Prado Bacellar (USP)
Rafael de Bivar Marquese (USP)
Aldair Carlos Rodrigues (UNICAMP)
Programa: 
Nome do Aluno: 
Laura Candian Fraccaro
Sala da defesa: 
Sala de Projeção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Unicamp
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